«Não é só o ministro (Miguel Macedo), como o próprio diz, que está diminuído na sua autoridade, é o primeiro-ministro, é o seu vice-primeiro-ministro, é o Governo no seu todo que deixou de ter autoridade e condições para continuar a governar, pelas decisões que tomou, pela dimensão e responsabilidade dos membros da sua confiança no topo da hierarquia do aparelho do Estado que escolheram», disse, numa sessão pública sobre serviços e funções estatais, em Lisboa.
Numa sessão pública sobre serviços e funções do Estado, em Lisboa, o secretário-geral comunista acusou os elementos da coligação PSD/CDS-PP de manobras, «com a cumplicidade partidária do Presidente da República, para alijar a sua responsabilidade política, fazendo deste caso apenas um caso de justiça e um ministro que foi confrontado com notícias que o conectam à rede de corrupção».
«O país assiste a um novo e grave escândalo, envolvendo altas figuras do Estado, enredados numa teia de corrupção e pagamento de luvas milionárias com os vistos gold - uma imagem de marca do Governo, propagandeada como de grande importância para o país, mas que, ao contrário do proclamado, como o PCP teve oportunidade de afirmar, são uma fonte de corrupção e uma porta aberta ao branqueamento de capitais», apontou.
A Operação Labirinto originou a detenção de 11 pessoas, entre as quais o diretor nacional do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), Manuel Jarmela Palos, a secretária-geral do Ministério da Justiça (MJ), Maria Antónia Anes, e o presidente do Instituto dos Registos e Notariado, António Figueiredo, várias das quais com relações pessoais ou profissionais próximas de Macedo.
Miguel Macedo demitiu-se no passado domingo alegando que a sua autoridade política enquanto governante ficou diminuída e foi substituído na pasta da Administração Interna por Anabela Rodrigues.