Crescimento da economia surpreende PSD e agrada à esquerda - TVI

Crescimento da economia surpreende PSD e agrada à esquerda

  • Redação
  • CM (Atualizada às 16:30)
  • 15 nov 2016, 13:54
Luís Montenegro

Esquerda acha que números do INE traduzem políticas em curso. Luís Montenegro, do PSD, prefere avisar Governo para "não embandeirar em arco" com crescimento económico de 1,6% no terceiro trimestre em termos homólogos

Os mesmos números e posturas distintas. Para o deputado comunista Paulo Sá, há "uma clara e efetiva melhoria da atividade económica nos três primeiros trimestres deste ano". É a primeira análise que faz aos dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) sobre a evolução económica em Portugal.

Revelam uma clara e efetiva melhoria da atividade económica nos três primeiros trimestres deste ano. É já o reflexo das medidas de recuperação de rendimentos implementadas no último ano, após a derrota do Governo PSD/CDS e da sua política", afirmou Paulo Sá.

O parlamentar do PCP justificou o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) com "o aumento do consumo privado", considerando-o "um reflexo da melhoria das condições de vida dos trabalhadores".

Políticas devem ir "mais longe no futuro"

O Bloco de Esquerda (BE) também considerou positivos os dados mais recentes do Instituto Nacional de Estatística (INE) sobre a evolução económica em Portugal, mas advogou ser necessário um foco na estratégia a longo prazo.

O partido, afiançou a deputada Mariana Mortágua, vai analisar com "cautela" e "cuidado" no detalhe os números do INE e diz ser necessário olhar para a "estratégia a longo prazo da economia".

O BE entende que quer na política de distribuição de rendimentos quer na política de investimento público, se estas políticas forem mais longe no futuro, será possível obter dados de crescimento económico muito mais consistentes", vincou a vice-presidente da bancada bloquista no Parlamento, em declarações aos jornalistas.

"Trajetória tem de ser continuada e reforçada"

Também o porta-voz do PS se congratulou com os "dados extremamente positivos" divulgados pelo INE sobre a evolução económica em Portugal, os quais "desmentem" o "diabo" só existente para a oposição PSD/CDS-PP.

Desmentem todos aqueles que insistiam em falar de uma estratégia de falhanço do Governo e das políticas implementadas. É uma trajetória que tem de ser continuada e reforçada", disse João Galamba à agência Lusa, atribuindo "o diabo", invocado pelo presidente do PSD, Passos Coelho, "só mesmo à oposição, a única que fala sobre isso".

O deputado socialista salientou tratar-se de "dados extremamente positivos - o melhor trimestre dos últimos 11" e "o crescimento em cadeia mais elevado de toda a zona euro".

Vem confirmar o que o PS tem andado a dizer, que a economia, depois de uma forte desaceleração em 2015, começou a recuperar em 2016. Há uma subida do emprego e tudo indica que atingiremos o défice mais baixo da democracia portuguesa", continuou.

João Galamba lembrou que a aposta dos socialistas sempre foi nos rendimentos, exemplificando com o aumento do imposto do selo sobre crédito ao consumo e do Imposto Sobre Veículos (ISV) para contrariar o pequeno crescimento de 2014 e 2015 assente na venda de automóveis, comparando com a atual "forte aceleração do consumo de bens não duradouros".

"É melhor termos uma boa notícia que uma má notícia"

O PSD admitiu, nesta terça-feira, que os dados económicos do Instituto Nacional de Estatística (INE) sobre o terceiro trimestre do ano são uma "boa notícia", mas vincou que o Governo não pode "embandeirar em arco" com os dados.

Há uma boa notícia para o país, que de alguma forma surpreende todos aqueles que perspetivavam nas últimas semanas um crescimento inferior", admitiu no parlamento Luís Montenegro, líder da bancada do PSD.

Depois, todavia, o social-democrata vincou ser necessário analisar os "dados desagregados e perceber se há aqui uma base que possa sustentar um caminho duradouro de crescimento económico superior à previsão do próprio governo em sede de Orçamento do Estado, quer para 2016 quer para 2017".

É melhor termos uma boa notícia que uma má notícia, e isso gostaríamos de assinalar. Em todo o caso, não é razão para embandeirar em arco e pensar que a nossa economia está a dar uma resposta que nos possa colocar acima da margem que pode sustentar no futuro mais crescimento", acrescentou.

Luís Montenegro frisa que Portugal vai chegar "ao final do ano de 2016 com um pior desempenho" do que em 2015, "e isso é indiscutível, independentemente do resultado deste trimestre", e portanto "esta boa notícia não é suficiente, e terá de ser complementada com uma trajetória que possa vislumbrar uma taxa de crescimento superior à que o governo estima para este ano e o próximo ano".

Sobre as referências ao "diabo" que estaria a chegar, de acordo com palavras do presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, Montenegro respondeu que "os partidos que suportam o Governo falam mais no diabo que o PSD". "Isso é muito sintomático da sua postura de fugir a uma realidade económica que não é confortável para o país."

Segundo a estimativa rápida do organismo de estatística português, a economia cresceu 1,6% no terceiro trimestre do ano em termos homólogos e 0,8% face ao trimestre anterior, acima das previsões dos analistas.

Para o INE, "o crescimento mais intenso do PIB [Produto Interno Bruto] refletiu principalmente o aumento do contributo da procura externa líquida, verificando-se uma aceleração mais expressiva das exportações de bens e serviços" face à das importações de bens e serviços, além do contributo da procura interna para a variação homóloga do PIB no terceiro trimestre, em resultado da "aceleração do consumo privado".

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