PGR pronto para ir ao Parlamento - TVI

PGR pronto para ir ao Parlamento

  • Portugal Diário
  • 22 out 2007, 18:07
Pinto Monteiro (foto Lusa)

Pinto Monteiro aguarda decisão da AR para ser escutado sobre entrevista polémica, em que disse «que as escutas em Portugal são feitas exageradamente». PS já disse que aceita. Ministro também disse estar disposto a responder aos deputados. Rui Rangel apontou que há escutas ilegais e que foi a essas que PGR se referiu

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O procurador-geral da República (PGR), Pinto Monteiro, está disponível para prestar esclarecimentos no Parlamento, caso seja essa a vontade dos deputados, a propósito das declarações que prestou ao semanário Sol, disse à agência Lusa fonte da Procuradoria.

«O PGR irá ou não à Assembleia da República conforme o Parlamento o decidir», disse a mesma fonte a propósito do pedido do CDS/PP para que Pinto Monteiro seja ouvido, com carácter de urgência, na Comissão Parlamentar de Assuntos Constitucionais.

O CDS-PP entregou hoje no Parlamento o requerimento que formaliza o pedido de audições do procurador, do ministro da Justiça, Alberto Costa, e do presidente do Conselho Superior da Magistratura, Noronha do Nascimento.

«Vou dizer uma coisa com toda a clareza, que talvez não devesse dizer: acho que as escutas em Portugal são feitas exageradamente. Eu próprio tenho muitas dúvidas que não tenha telefones sob escuta». Foi esta a frase proferida por Pinto Monteiro em entrevista à revista Tabu do semanário Sol, publicada sábado, que suscitou polémica entre a oposição.

No requerimento, assinado pelo deputado Nuno Melo, o CDS-PP sublinha que a Constituição «consagra o princípio da inviolabilidade do domicílio e da correspondência como direito fundamental». «Em conformidade com este princípio, é proibida toda a ingerência das autoridades públicas na correspondência, nas telecomunicações e nos demais meios de comunicação, salvos os casos previstos na lei em matéria de processo criminal», refere o texto.

Ministro da Justiça também está disposto a ir à Assembleia

Além do procurador-geral, também o ministro da Justiça já se mostrou disponível para ir ao Parlamento prestar os esclarecimentos que lhe forem pedidos, no âmbito das declarações de Pinto Monteiro.

«Como sempre, o ministro da Justiça está disponível para qualquer solicitação do Parlamento, para prestar esclarecimentos», informou o gabinete de Alberto Costa à Lusa.

Cavaco e Sócrates confiantes no cumprimento da lei

No sábado, o Presidente da República havia recusado tecer qualquer comentário relativamente a esta matéria, mas acabou por fazer um apelo ao cumprimento da lei, reconhecendo a «delicadeza» do assunto.

«São matérias de uma grande delicadeza, eu espero que a lei esteja sempre a ser respeitada», afirmou o Chefe de Estado.

A mesma posição foi expressada hoje pelo primeiro-ministro, José Sócrates, que disse ainda não estar preocupado com as declarações do PGR.

Advogados querem saber quem autoriza e controla escutas

A Ordem dos Advogados (OA) exigiu hoje esclarecimentos «urgentes» do Governo sobre quem autoriza e controla escutas telefónicas. Em comunicado hoje divulgado, o Conselho Geral da OA afirma que a entrevista de Pinto Monteiro «deixa no ar a sensação de que, nesta matéria, podem existir desvios às regras legais».

Nesse sentido, a Ordem considera que as declarações do PGR impõem que o primeiro-ministro e os ministros da Justiça e da Administração Interna «esclareçam de forma cabal quem, para além dos juízes de instrução no quadro dos respectivos processos, pode autorizar e executar escutas telefónicas».

Serviços de informação sem autorização para escutas

O presidente do Conselho de Fiscalização dos Serviços de Informações da República Portuguesa (SIRP), Jorge Bacelar Gouveia, esclareceu hoje que os serviços de informação «não estão legalmente autorizados a fazer escutas telefónicas».

Jorge Bacelar Gouveia referiu à agência Lusa que, nos últimos dias e na sequência das declarações do PGR, surgiram comentadores políticos a sustentar que os serviços de informações estavam autorizados a fazer escutas telefónicas, o que é um «equívoco».

Segundo Bacelar Gouveira, o Conselho de Fiscalização do SIRP não detectou qualquer «violação dessa regra», que, à luz do Direito português, configura um «crime».
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