Cortes «nunca» serão tão grandes como a CES - TVI

Cortes «nunca» serão tão grandes como a CES

Em entrevista, Passos Coelho pouco revela sobre medidas futuras, mas admite aliviar cortes em 2016. O primeiro-ministro não promete baixar IRS e recusa ser responsável pelo aumento da pobreza

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Na entrevista desta terça-feira, o primeiro-ministro não revelou os cortes definitivos previstos para salários e pensões, mas adiantou que a futura contribuição dos pensionistas «nunca será tão grande» como a atual Contribuição Extraordinária de Solidariedade. Sobre as medidas futuras, o primeiro-ministro tocou ainda nos salários do privado, dizendo que admite uma indexação a produtividade.

«Vamos ser claros quanto a isso: essa contribuição nunca será tão grande como é hoje com a Contribuição Extraordinária de Solidariedade (CES). Terá de haver uma redução da pensão, porque nós temos um sistema que não é sustentável», assumiu Pedro Passos Coelho depois de admitir a possibilidade de rever os atuais salários e pensões «possivelmente» em 2016, numa altura em que poderá já não ser primeiro-ministro.

Sobre os salários, o primeiro-ministro defendeu que estes não podem ser aumentados, no Estado ou no setor privado, «acima daquilo que é a produtividade», sob pena de não termos uma política de rendimentos que sustentável para futuro». Já sobre o salário mínimo, Passos Coelho explicou que a mudança no discurso de deveu ao facto de 2013 ser um ano de crescimento económico e de emprego e mostrou abertura para discutir o tema depois das eleições Europeias.

Ainda falando das possíveis novidades nas medidas do Governo, o primeiro-ministro afirmou, no que respeita aos apoios sociais, que no futuro é possível a introdução de «um teto ao volume de prestações que o Estado, entre Administração Central e Administração Local, pode transferir para os cidadãos». Tudo para garantir que um cidadão não possa acumular prestações que somem mais do que o valor dos rendimentos de outro cidadão trabalhador que contribui através dos impostos para essas mesmas prestações.

No campo dos impostos, e depois do governo ter levanto a possibilidade de uma redução do IRS, Passos Coelho recusou qualquer promessa de descida, alegando que não pode dar essa «ilusão» aos portugueses, mas considerou que, se as metas de equilíbrio orçamental forem atingidas, «não faz sentido manter agravamentos da tributação ou continuar a ter congeladas as progressões na função pública».

Politicamente, o primeiro-ministro recusou revelar preferências presidenciais (apesar de voltar a elogiar o perfil de Cavaco Silva), falou sobre o estado da coligação e admitiu «não se importar» de pagar um preço alto quando for a votos, apesar de assumir que quer vencer as eleições Europeias.

Mas a declaração política mais marcante da entrevista à SIC deu-se quando o primeiro-ministro foi instado a comentar uma eventual responsabilidade na pobreza do país, o que Passos Coelho recusou.



«Há umas quantas pessoas que consideram em Portugal que o risco de pobreza e toda a situação que se agravou em resultado deste ajustamento que foi feito não é senão consequência das medidas, mas não é assim. O que provocou o aumento do risco de pobreza não foram as medidas, foi o facto de termos conduzido o país, não fui eu com certeza, a uma situação de insustentabilidade», sublinhou Passos Coelho.
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