Rui Rio acusado de «atitude pidesca» - TVI

Rui Rio acusado de «atitude pidesca»

Manifestação na reabertura do Teatro Rivoli. Foto: ESTELA SILVA/LUSA

Câmara publicou vídeo de jornalista que participou numa manifestação

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Estalou uma nova polémica na cidade do Porto, com Rui Rio a ser acusado pela oposição de ter uma atitude «persecutória e pidesca» para com o director-adjunto do Jornal de Notícias, David Pontes.

Em causa, está um texto publicado no site oficial da Câmara com o título «JN endurece oposição: Director Adjunto manifesta-se contra a Câmara», onde é referenciado (com hiperlink) um vídeo onde aparece o jornalista durante a manifestação que ocorreu na Praça D. João I no passado dia 14. Pontes surge com um «R» na mão, tal como os outros elementos do protesto.

Ao PortugalDiário, a assessora de Rui Rio e responsável pelo Gabinete de Comunicação municipal, Florbela Guedes, informou que o vídeo não é da autoria da equipa da CMP composta por uma operadora de câmara e um repórter fotográfico, que filmaram toda a manifestação. «É um vídeo que está a correr a Internet, no Sapo e no Youtube», explicou, dizendo que se limitou a fazer o link para ilustrar o texto. Nesses dois sites, o utilizador apenas colocou esse vídeo, primeiro no dia 15, depois no dia 18.

David Pontes não se conforma. «É intolerável a forma como a Câmara do Porto decidiu dar notoriedade» à sua participação na manifestação. «Fi-lo como cidadão do Porto, em defesa do Rivoli», disse ao jornal Público.

Sítio altamente questionado

O Bloco de Esquerda (BE) já avisou que vai pedir o encerramento do «sítio municipal de notícias» na próxima Assembleia Municipal. João Teixeira Lopes, dirigente do BE no Porto, foi duro nas críticas a Rui Rio e considerou mesmo que a estratégia de «afrontar os jornais está a surtir efeitos». «Esta é a pior situação de claustrofobia democrática do país. Só na Madeira existe algum paralelo», frisou, aproveitando para deixar um exemplo: «Estou convencido que existe auto-censura no jornal Público em relação às notícias da Câmara do Porto, pois não é tão acutilante como foi no passado. Isso decorre de um constrangimento provocado pelas posições da câmara».

Mas a questão não é nova. Já em Outubro do ano passado, o vereador comunista, Rui Sá, enviou à Entidade Reguladora da Comunicação Social uma queixa por considerar «inadmissível» a utilização do site municipal como se fosse um órgão de comunicação social. Até agora não obteve resposta. E mesmo nesse caso, Sá diz que o sítio teria de ser imparcial como qualquer outro órgão.

«O PCP tem um sitio na Internet onde publica os artigos que julga pertinentes», mas o site é pago com dinheiros do partido, ao contrário do municipal que é financiado com os impostos de todos», acrescentou, lembrando que há muito tempo que o assunto já foi falado em reunião camarária, mas que «Rio considerou que tem o direito de usar o site para responder ao JN».

Rui Sá diz ainda que o jornalista é também um cidadão pelo que pode estar onde quiser. «Os jornalistas não podem ser comparados aos militares», ilustrou o vereador aludindo à proibição de manifestação que existe sobre os castrenses».

PS pondera posição

Esta é, aliás, uma posição partilhada por todas as forças políticas contactadas pelo PDiário, inclusivamente pelo presidente do Sindicato de Jornalistas, Alfredo Maia, que manifestou «total solidariedade» com o colega de profissão.

«Por ser director-adjunto de um jornal não perde os seus direitos cívicos», considerou Renato Sampaio, líder da distrital do PS-Porto. Ponderado, disse que vai reunir-se com «os camaradas deputados municipais para analisar a situação e, talvez, tomar uma posição pública». De qualquer forma, a título pessoal, considerou que a divulgação do vídeo com David Pontes «ultrapassa as marcas» e revela uma «atitude persecutória e pidesca».
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