Mário Soares, uma vida de exílio vigiada pela PIDE - TVI

Mário Soares, uma vida de exílio vigiada pela PIDE

Documentação da polícia política sobre Mário Soares – que se encontra na torre do Tombo e na Fundação Mário Soares - mostra relatórios de vigilância a escutas telefónicas, interrogatórios e até documentos pessoais

A história de Mário Soares não ficaria completamente contada se não fosse recordada a sua detenção a 13 de dezembro de 1967 – depois de já ter sido várias vezes detido pelas suas atividades contra o regime - e consequente deportação, a 19 de março de1968.

A documentação da polícia política sobre Mário Soares – que se encontra na torre do Tombo e na Fundação Mário Soares - mostra desde relatórios de vigilância a escutas telefónicas, passando por interrogatórios e até documentos pessoais.

Acusado de ter divulgado o caso "Ballet Rose", um caso de pedofilia que envolvia membros do regime, a um jornalista inglês, Mário Soares foi detido em Caxias, onde permanece completamente isolado durante três meses.

Em aparente liberdade, Soares tentou viajar para a Madeira, mas a PIDE impediu-o de viajar. Seguiu então viagem para o Algarve.

Mas, a 19 de março de 1968, Mário Soares é deportado para S. Tomé, sem julgamento e por tempo indeterminado, por decisão do Conselho de Ministros. Durante os oito meses de exílio, Mário Soares viveu, mais uma vez, vigiado permanentemente pela polícia política do Estado Novo. 

Só em 1970 é que Mário Soares abandona a ilha, exilando-se então em Paris, onde fica até 1974 e onde dá aulas em universidades e tem também uma avença como advogado do banqueiro Manuel Bulhosa.

No entanto, a 31 de julho de 1970, o pai de Mário Soares morre e este, apesar de ter um mandado de captura, faz questão de vir a Portugal para o funeral, contrariando o conselho de todos. 

O regime deixa-o regressar, mas nem no funeral do pai, a PIDE deixa de vigiar Soares. No dia seguinte ao enterro do pai, Mário Soares foi convocado pela PIDE para um café no Saldanha, em Lisboa, com um inspetor, convite que recusou, tendo então sido convocado para ir à sede da polícia política onde lhe foi dito que teria de deixar o país imediatamente.

Depois de se reunir com vários amigos, o socialista decidiu exilar-se e informou a PIDE de que iria partir, de carro, pela fronteira do Caia, e regressar a França. O retorno a Portugal só aconteceria a 28 de abril de 1974, após o 25 de Abril, no “Comboio da Liberdade”.

Com a revolução, termina a vida vigiada de Mário Soares e inicia-se um novo capítulo na vida do antigo Presidente da República portuguesa.

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