O antifascismo saiu à rua de máscara para protestar contra Le Pen e Ventura em Lisboa - TVI

O antifascismo saiu à rua de máscara para protestar contra Le Pen e Ventura em Lisboa

A Praça Luís de Camões, em Lisboa, ouviu os gritos de ordem dos mais de 200 manifestantes entoar até à hora de recolhimento obrigatório

Mais de duas centenas de manifestantes antifascistas reuniram-se, durante a manhã deste domingo, em protesto contra a presença de Marine Le Pen em Portugal para apoiar o candidato André Ventura às Presidenciais.

A Praça Luís de Camões, em Lisboa, ouviu os cânticos dos manifestantes entoar até à hora de recolhimento: "Fascistas chegou a vossa hora, os emigrantes ficam e vocês embora!".

O representante do Movimento Semear o Futuro e um dos organizadores do protesto, transmitiu à TVI os receios das centenas de pessoas que procuraram fazer-se ouvir.

Queremos lembrar que Marine Le Pen representa um movimento fascista e tem um discurso de ódio. Achamos que o Chega e o André Ventura é um candidato fascista. É particularmente contraditório, uma força de se candidata à Presidência da República apoiar alguém que ataca a cultura portuguesa", afirmou Manuel Afonso.

O protesto reuniu várias organizações antifascistas como a "RUA" e o "Coletivo Semear o Futuro", a organização feminista "Por todas nós" e o movimento antirracista "Consciência Negra". Estiveram ainda representados o "SOS Racismo" e o Bloco de Esquerda.

É muito importante fazer esta união entre aqueles que combatem o racismo, a xenofobia, defendem os direitos das mulheres e os direitos dos trabalhadores porque nós, os que defendemos verdadeiramente os direitos do povo, somos muito mais que eles. Se sairmos à rua, vamos calar o ódio racista", disse um dos porta-voz do protesto, Manuel Afonso.

A deputada do Bloco de Esquerda, Beatriz Gomes Dias, afirmou à TVI que a visita de Marine Le Pen a Portugal é mais um passo para a normalização do discurso fascista, xenófobo e racista, "que coloca a liberdade e a democracia em risco". 

Estamos na manifestação para dizer que toda o discurso de ódio e toda a intolerância não passará. Nós não aceitamos que ela seja normalizada e nós vamos combater todos aqueles que pretendem normalizar a discriminação, o racismo e o fascismo e dividir a sociedade portuguesa"

Também o vereador da Câmara Municipal de Lisboa, Manuel Grilo, defendeu que o combate contra o fascismo se faz nas ruas e alertou para a utilização "dos mais pobres para serem atacados pelos pobres, como se eles fossem a causa da pobreza".

A internacional fascista está em ação: eles querem ditaduras. Querem colocar os pobres contra os muito pobres, para que os ricos sejam cada vez mais ricos".

As vozes do protesto

Entre os manifestantes, era visível a diversidade: novos, velhos, portugueses e estrangeiros gritaram em uníssono pela democracia em Portugal. Muitos não pertenciam a qualquer das muitas organizações envolvidas no protesto.

Márcia Dias, professora reformada, saiu à rua para protestar contra o racismo e lembrar o caso de Marielle que foi assassinada por fascistas. A brasileira a viver em Portugal alerta que "os portugueses estão distraídos".

Foi assim que o Bolsonaro chegou lá. O movimento contra a Esquerda, uma busca pela novidade elegeu Bolsonaro".

Já Fátima, também professora, revelou que não conseguiu ficar em casa "quieta, sem fazer nada". A professora de português assegurou que participará em todas as formas de luta que houver.

Nunca pensei que isto viesse acontecer no meu país, que o fascismo poderia voltar", disse a professora.

Henrique envergava bem alto o Fratelli Tutti, o livro do Papa Francisco no qual o pontífice indica a fraternidade e a amizade social para construir um mundo melhor. Com este gesto, prentendia questionar a André Ventura "que se diz, católico, como é que consegue defender aquilo que defende?"

Gostava de perguntar a todos os que se dizem cristãos como é que conseguem apoiar este senhor que defende o ódio entre as pessoas?", quesionou ainda.

Apesar das recomendações da organização para manter todos os cuidados sanitários que requer uma manifestação em tempo de pandemia, entre cartazes e o eco dos cânticos, nem sempre foi cumprido o distanciamento social entre os participantes, que ignoraram os lugares marcados no chão.

 

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