Causas sociais dominam segunda etapa sem "aventuras" de Belém - TVI

Causas sociais dominam segunda etapa sem "aventuras" de Belém

  • Sofia Santana
  • 11 jan 2016, 22:25
Maria de Belém

Candidata presidencial esteve no Algarve e no Alentejo, onde dedicou o dia de campanha às causas sociais, em ambientes controlados

Ao final de um dia de trabalho, confortar o estômago com um parto típico: uma bifana. Assim terminou o segundo dia de campanha de Maria de Belém, em Vendas Novas, após uma nova ronda de ações, desta vez realizadas no Algarve e no Alentejo. Ambientes controlados, uma mobilização de apoiantes reduzida e as causas sociais, que tanto tem defendido. Maria de Belém caminha para as eleições de 24 de janeiro num registo morno, sem "grandes aventuras ou experimentações" - recuperando a expressão que a própria usou na véspera para fazer um aviso aos portugueses.

Foi em Vendas Novas, numa casa de bifanas local, que Maria de Belém concluiu a segunda etapa da volta pelo país. A candidata explicou aos jornalistas porque gosta de visitar esta terra: faz-lhe lembrar o tempo em que não havia auto-estradas e este era sítio de paragem "obrigatória".
 
Ao final da tarde, o estabelecimento escolhido estava calmo e os clientes contavam-se pelos dedos. Não fosse Manuel Filipe, que fez questão de cumprimentar a candidata, e não teria havido qualquer interação com populares.
 
Manuel Filipe já cá estava há muito,sentado à porta do estabelecimento. "Nascido e criado em Vendas Novas", este "trabalhador no campo" - no que é preciso - disse-nos, antes da chegada da candidata, que simpatizava com Maria de Belém. E logo depois descreveu-nos como olha para a política e para estas presidenciais.

"Em França, o governo e o presidente são quase sempre do mesmo partido. Não pode um puxar para um lado e depois haver quem puxe para o outro."
 

E é assim que defende que deve ser. Ora, dado que o Governo é PS, quer Manuel Filipe com isto dizer que irá votar em Maria de Belém? Não revela. Mas pelo meio deixa escapar o desabafo sobre outro candidato: "Ui, o Marcelo é para esquecer", diz com gestos de reprovação. O candidato da direita é o presidente da Fundação Casa de Bragança, que inclui várias propriedades agrícolas no Alentejo e uma escola agrícola em Vendas Novas. E a impressão que Manuel Filipe tem sobre o trabalho de Marcelo nesta fundação não é a melhor: "Se não consegue tomar conta da Casa de Bragança, como pode tomar conta do país?", 


Mas a campanha de Marcelo ficará para outros artigos, pois este é o espaço de Maria de Belém. Neste segundo dia de campanha, a candidata da área do PS foi do Algarve ao Alentejo, para insistir no papel do Estado social e falar de causas que privilegia e conhece bem. O apoio aos idosos, o Serviço Nacional de Saúde, o apoio às famílias.

A manhã arrancou em Portimão. Depois de uma visita a um centro de apoio a idosos, Maria de Belém dedicou-se a um setor onde se sentirá como peixe na água: a saúde. A ex-titular desta pasta no governo de António Guterres visitou o Hospital de Portimão
e aproveitou para sublinhar o que entende que o Presidente da República deve fazer neste domínio: garantir o exercício de um direito fundamental que é o direito à proteção da saúde.

“Uma Presidente da República tem de acompanhar estas situações para garantir o exercício de um direito fundamental."

À margem do tema da agenda, a candidata deixou recados aos adversários. Apelou a uma campanha sem "crispações", em que os candidatos presidenciais "se respeitem todos uns outros", 
 
Do Algarve, a caravana subiu para o Alentejo. Em Beja, Maria de Belém almoçou com autarcas locais e algumas - poucas - dezenas de apoiantes. À exceção de Carlos Zorrinho, nenhum peso do PS. O encontro serviu para carregar baterias e voltar a direcionar farpas ao outro candidato da área do PS, Sampaio da Nóvoa.

Belém tinha apelado, pouco tempo antes, a uma campanha sem crispações, mas o seu discurso foi carregado de alfinetadas. E voltou a pôr em causa o perfil de Nóvoa para a Presidência. Maria de Belém entende, pelo contrário, que a sua militância revela "opções ideológicas claras".
 
Como o país tem muito para mostrar e os candidatos pouco tempo para convencer eleitores, as iniciativas multiplicam-se. Logo após o almoço, ainda em Beja, Maria de Belém fez uma breve visita a "um exemplo positivo de investimento público": a Empresa de Desenvolvimento e Infra-Estruturas do Alqueva.

A ideia que Belém quer deixar aos portugueses é esta: “uma presidência pela positiva”, que tenha como objetivo investir no desenvolvimento do país.

  
Acho que o Presidente deve atuar pela positiva. Dos exemplos negativos há muito quem fale. Uma presidência pela positiva que pretende investir no desenvolvimento do país.

 
Não há tempo a perder. De Beja, ruma-se a outra cidade alentejana, Évora. Aqui, Maria de Belém voltou ao Estado social, com uma visita a uma instituição de acolhimento de crianças e adolescentes, designada "Chão dos Meninos".

A candidata falou com responsáveis sobre o trabalho desenvolvido e o envolvimento da comunidade. Mas, por razões naturais, as crianças à guarda da instiuição não foram expostas à ação de campanha.

Com mais de 20 anos de existência, a "Chão de Meninos" presta apoio a 100 familías, trabalhando de forma articulada com outras entidades. E foi precisamente esta capacidade de articulação com outros organismos que a candidata fez questão de assinalar, em declarações aos jornalistas.

"Temos muitas instituições desta natureza em todo o país, mas nem todas funcionam como esta em Évora. Às vezes as insituições atropelam-se umas às outras."


Está concluída a segunda etapa da volta pelo país. Maria de Belém continuou a optar por ambientes controlados, pelos temas que conhece bem e - usando a expressão com que fez um aviso aos portugueses – por um registo sem “grandes aventuras ou experimentações”. Terça-feira é dia de ir até ao Norte. No Porto, Maria de Belém jogará "em casa".
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