Oposição não perdoa PSD por abandonar «suspensão» - TVI

Oposição não perdoa PSD por abandonar «suspensão»

Manifestação de professores

Ana Drago e Paulo Portas encabeçaram críticas ao que consideram um recuo dos social-democratas. PSD garante que foi «coerente» e que isto se trata de «ciúme parlamentar»

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Se pensa que o PS sofreu, esta quinta-feira, no Parlamento, para defender o actual modelo de avaliação dos professores, criado pelo Governo socialista, desengane-se. Foi o PSD que foi pressionado pelos outros partidos da oposição, por ter deixado cair a palavra «suspensão» do seu projecto de resolução, recomendando ao Governo que legisle em 30 dias para «substituir» o actual regime de avaliação de desempenho.

«É de estranhar que o PSD tenha apresentado uma proposta onde subitamente desapareceu a palavra suspensão», comentou Ana Drago, que até apresentou um folheto eleitoral do PSD, com as palavras «Compromisso de Verdade», para ilustrar as suas críticas: «Há alguma dúvida semântica em relação ao vosso compromisso de verdade

No entanto, foi a bancada do PS, na voz de Manuela de Melo, que respondeu à deputada do BE. Ana Drago ficou «surpreendida» com a intervenção da deputada socialista, apontando uma «articulação central» entre PS e PSD «nos momentos de maior aperto» e lembrando que a maioria no Parlamento da oposição «tem um compromisso» com os eleitores.

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Já Paulo Portas, que defendeu o projecto-lei do CDS-PP, destacou a diferença entre a proposta do seu partido e a do PSD: «A palavra suspensão.»

«Sugiro ao PSD que não se deixe contagiar pelo receio que o Governo tem do verbo suspender», aconselhou, pedindo «boa-vontade» à oposição em relação «aos projectos uns dos outros».

Em defesa do PSD saiu o deputado Pedro Duarte, que, entre alguns momentos em que as suas palavras eram imperceptíveis, tal era a corrente de críticas, garantiu que o PSD tem «uma atitude responsável e coerente» e alertou que a suspensão poderia «criar um vazio legal».

«O nosso projecto de resolução prevê que, em 30 dias, se possa acabar com a divisão na carreira, a substituição do actual modelo por um novo e que essa substituição não implique a penalização dos docentes que não entregaram os objectivos individuais», explicou.

Depois da sua intervenção, a bloquista Ana Drago considerou «estranho» que o PSD só tenha reunido com o PS sobre estes temas. «Nós [BE] não fomos contactados», frisou.

Referindo que os social-democratas têm agora «a oportunidade de cumprir um compromisso eleitoral [a suspensão do actual modelo de avaliação]», a deputada perguntou a Pedro Duarte: «Vai votar favoravelmente os diplomas? Ou vai desde já trair um compromisso com as pessoas que votaram PSD?»

Heloísa Apolónia, dos Verdes, também estranhou que os dois partidos com maior representação parlamentar tenham ido de encontro um ao outro: «O que é que o PSD conversou com o PS que nós não sabemos?»

«Apertado» por sucessivos pedidos de esclarecimento, o social-democrata Pedro Duarte concluiu: «Isto é ciúme parlamentar por o PSD ter encontrado uma solução. Vocês estão agarrados à palavra suspensão e nós estamos à palavra solução.»
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