Rui Rio diz que António Costa teve “défice de sentido de Estado” - TVI

Rui Rio diz que António Costa teve “défice de sentido de Estado”

  • SL
  • 10 mai 2019, 19:19
Rui Rio

"Um primeiro-ministro tem de ser o garante da estabilidade e não o garante da instabilidade principalmente quando gera essa instabilidade por razões de natureza partidária. As verdadeiras razões foi para perturbar, e se possível parar, a campanha eleitoral para as europeias que lhe estavam a correr particularmente mal", garantiu o presidente do PSD

O presidente do PSD, Rui Rio, disse, esta sexta-feira, que o primeiro-ministro, António Costa, teve "défice de sentido de Estado" numa "semana política lamentável, marcada pela questão da devolução integral do tempo de serviço congelado aos professores".

"O que fica desta lamentável semana política é o défice de sentido de Estado do senhor primeiro-ministro. O primeiro-ministro não se demitiu quando morreram mais de cem pessoas nos incêndios de 2017, não se demitiu quando se soube que o Governo andou a inundar a administração pública com familiares e amigos, mas estava disponível ou queria demitir-se porque o parlamento poderia aprovar uma lei que poderia gerar um caos financeiro e vota contra a norma que evitava esse caos financeiro", disse Rui Rio.

No Porto, numa declaração à imprensa depois de esta manhã a Assembleia da República ter rejeitado as alterações ao decreto do Governo que previam a contagem de todo o tempo de serviço congelado aos professores e uma semana depois da ameaça de demissão de António Costa, Rui Rio repetiu a consideração de que o primeiro-ministro protagonizou "uma farsa, um golpe de teatro".

Um primeiro ministro tem de ser um estadista. Um primeiro-ministro tem de ser o garante da estabilidade e não o garante da instabilidade principalmente quando gera essa instabilidade por razões de natureza partidária. As verdadeiras razões foi para perturbar, e se possível parar, a campanha eleitoral para as europeias que lhe estavam a correr particularmente mal", disse Rui Rio.

Acusando António Costa de colocar os interesses do PS à frente dos interesses do país, o social-democrata apontou que "o lema do PS é primeiro a família, depois o PS e depois o país".

O diploma que alterava o decreto do Governo que previam a contagem de todo o tempo de serviço congelado aos professores foi rejeitado com os votos contra de PS, PSD e CDS-PP e os votos favoráveis de BE, PCP e PEV. O PAN optou pela abstenção.

Antes das acusações ao primeiro-ministro, Rui Rio dedicou a sua intervenção a esclarecimentos sobre a votação deste diploma pelo PSD, quer na comissão parlamentar, ou seja na especialidade, quer no plenário, sublinhando que "não há uma votação que não esteja em consonância com a outra".

Queria deixar bem claro que o voto do PSD foi totalmente coerente com o que sempre disse e sempre defendeu. Por um lado, estava o reconhecimento integral do tempo de serviço prestado pelos professores e, por outro lado, a necessidade desse reconhecimento ser acompanhado de uma cláusula de salvaguarda financeira", descreveu, salientando que, "no momento de votar o diploma, que é só um", o PSD votou contra porque este "não tinha integrado em si mesmo a norma de salvaguarda financeira".

Lamento que o senhor primeiro-ministro, que foi deputado muitos anos, foi ministro dos Assuntos Parlamentares e conhece o processo legislativo, tenha hoje dito uma coisa que sabe que é mentira e que é que o PSD votou na comissão de forma diferente ao que votou no plenário", apontou.

Em causa está o facto da Assembleia da República ter rejeitado hoje, em plenário, todas as normas propostas por PSD e CDS-PP que introduziam condicionantes financeiras à devolução integral do tempo de serviço congelado aos professores, como o crescimento económico e o equilíbrio das finanças públicas.

Rui Rio afirmou que o PS "tentou tirar partido da campanha de desinformação de que os portugueses foram sujeitos", mas perspetivou que, "a médio prazo", o primeiro-ministro "venha a pagar com este ato".

Tenho uma visão completamente contrária à do senhor primeiro-ministro. Ele disse que isto foi a vitória da responsabilidade. Eu acho que isto foi a derrota da responsabilidade e foi mais uma machada na credibilidade da política", referiu, acusando António Costa de, "em situação limite", fazer "golpes".

Confrontado com as considerações feitas quer pela esquerda, quer pela Federação Nacional dos Professores (FENPROF), o líder dos sociais-democratas considerou "ridículo" que o BE e o PCP se pronunciem quando estão "coladíssimos à governação destes quatro anos".

E, claro, que a FENPROF dá valor à primeira parte, quando nós reconhecemos o tempo integral dos professores, mas não dá valor quando reconhecemos a salvaguarda financeira", concluiu.

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