BE avisa PS: "Europa não pode ser camisa de forças para a Constituição" - TVI

BE avisa PS: "Europa não pode ser camisa de forças para a Constituição"

Debate do programa de Governo continua, com Bloco de Esquerda a inaugurar os discursos e a dar a Passos Coelho um conselho: "Não seja piegas"

Unido ao Partido Socialista, o Bloco de Esquerda dá no entanto sinais do que não aceitará na legislatura em que, previsivelmente, António Costa será primeiro-ministro, já que o Governo de Passos Coelho cairá esta terça-feira. O tema da Europa entrou logo no primeiro discurso da continuação do debate do programa da coligação, pela voz de Pedro Filipe Soares.

"A Europa não pode ser camisa de forças para a Constituição. Não há constituições de primeira e de segunda. A alemã não é mais importante do que a portuguesa"


O BE argumenta assim que o guia de governação deve ser Constituição portuguesa. Não é a Europa que manda mais. "É essa alternativa que se está a construir". Os compromissos europeus, entre os quais o Tratado Orçamental e o Tratado de Lisboa, são dos pontos que mais tinta têm feito correr pela distância entre o que o BE defende e o PS. 

Ainda não são conhecidos os termos exatos do acordo que os dois partidos fecharam (o PS também se entendeu com PCP e PEV), mas António Costa garantiu que os compromissos europeus serão respeitados e, ontem, o presidente do PS garantiu no Parlamento que esses compromissos "vinculam o Estado", não são os partidos que os podem quebrar. 

Ora, hoje, o BE faz questão de frisar que "é o arco da Constituição" e não o chamado "arco da governação" (PSD/PS/CDS) que deve ser o farol que guia os destinos do país.

"Queremos mudar a vida do país depois do desastre social. A única maioria expressa no Parlamento é a que rejeitará governo PSD e CDS". O BE apresentará esta tarde uma moção de rejeição autónoma ao programa de Governo PSD/CDS-PP e defende que a "legitimidade dos votos do povo" é que retirou a maioria à direita, permitindo uma solução alternativa.

Recordou também que, em 1999,  o PSD apresentou uma moção de rejeição a um Governo do PS dizendo que tinha perdido as eleições. "É estranho como aqueles que fazem estas acusações ["golpe irreversível das regras e convenções da nossa democracia, usurpação eleitoral, falta de humildade democrática" da esquerda"] não conhecem o mínimo da sua história de grupo parlamentar". 

Considerando que "extremistas" são "exatamente o PSD e o CDS, por terem prosseguido com uma "austeridade ideológica", Pedro Filipe Soares terminou deixando um conselho ao primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, "que vai deixar hoje de o ser": “Diga para o seu futuro eu que não seja piegas, saia da sua zona de conforto”.
 

"Dá cá, é a minha hora"


Leitão Amaro (PSD) interpelou o deputado do BE, antecipando de forma irónica algumas medidas que a porta-voz do Bloco, Catarina Martins, poderia tomar, como a nacionalização da banca, empresas, energia, transportes. "Já reestruturou a divida pública unilateralmente", anteviu dizendo que perante esse cenário, e fazendo futurologia, "Catarina está feliz". 

"Para poder aplicar este fantasioso caminho, basta aplicar o programa do Bloco. Eu acho que isto é um pesadelo, mas ainda é um pesadelo inevitável. Catarina aprendeu com outros partidos a conveniência. Aprendeu com outros que deixam 'outros' fazer o caminho difícil e depois dizem 'dá cá, é a minha hora'", atirou, dizendo que "o povo está cá" para julgar a esquerda. 

Pedro Filipe Soares respondeu: "Nas eleições legislativas elegem-se deputados da Nação e é aqui que o Governo tem de vir buscar a sua legitimidade".


 
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