Alfredo Barroso pede desfiliação depois de declarações de Costa - TVI

Alfredo Barroso pede desfiliação depois de declarações de Costa

Militante número 15 do Partido Socialista diz que quer «acabar à vida com dignidade e coerência»

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Alfredo Barroso, militante número 15 do PS, vai pedir a desfiliação do Partido Socialista depois de António Costa ter dito que o país estava numa situação «diferente» de há quatro anos.

Alfredo Barroso diz que as declarações do líder do PS são uma «inqualificável chinesice» e uma «vergonha», e que António Costa não mostrou respeito pelos desempregados,  referindo-se ao facto de Costa ter falado para uma sala cheia de chineses.

«DEPOIS DA IGNÓBIL «CHINESICE» DE COSTA, ABANDONO O PS, E É JÁ!Sou um dos fundadores do PS (em 1973) e sou, hoje, o militante número 15 do partido (com as quotas em dia). Mas já chega! Nunca me passou pela cabeça que um secretário-geral do PS se atrevesse a prestar vassalagem à ditadura comunista e neoliberal da República Popular da China, e se atrevesse a declarar, sem o menor respeito por centenas de milhares de desempregados e cerca de dois milhões de portugueses no limiar da pobreza, que Portugal está hoje melhor do que há quatro anos. A declaração de António Costa é uma vergonha!Ainda esta semana, enviarei à direcção do PS (hoje tenho vergonha de escrever por extenso Partido Socialista) uma carta muito simples, sem considerandos ou justificações, solicitando, pura e simplesmente, a minha desfiliação do partido. Tenho 70 anos e quero acabar a minha vida com alguma dignidade e coerência. O que não é manifestamente possível continuando a militar no PS! Para além da inqualificável «chinesice» do actual secretário-geral do PS, não é difícil encontrar os fundamentos ideológicos e políticos da minha atitude no livro que publiquei em 2012, sobre «A Crise da Esquerda Europeia», assim como nas conferências que fui fazendo e nos ensaios que fui publicando.Não, não vou aderir a qualquer outro partido. Mas vou apoiar e votar no Bloco de Esquerda, tentando contrariar o oportunismo daqueles que se tornaram dissidentes do BE aproximando-se do PS de António Costa, à espera de um «lugarzinho» na mesa do orçamento, ou seja, na distribuição de cargos num futuro governo.Sou dos que passaram pela política - pela Administração Pública, pelo Governo e pela Presidência da Repúiblica - sem qualquer propósito de se governarem. E é certo que não me governei. E ainda bem. Orgulho-me disso! Não duvido das miseráveis campanhas que a «ralé» que tomou conta do «aparelho» do PS é capaz de se atrever a desenvolver contra mim».




Aos 70 anos, Barroso abandona o PS porque quer, garante, «acabar a vida com dignidade e coerência». No entanto, já garantiu que não vai fundar qualquer outro partido, e promete apoiar e votar no Bloco de Esquerda nas próximas eleições para «contrariar os que se tornaram dissidentes do Bloco para se aproximarem do PS» à espera de um lugar no próximo governo.

O discurso de António Costa junto da comunidade chinesa ocorreu, no Casino da Póvoa de Varzim, a 19 de fevereiro, numa iniciativa onde a comunicação social não esteve presente. Mas as declarações acabaram por vir a público pela mão do eurodeputado do CDS-PP, Nuno Melo, que num artigo de opinião, no jornal Diário Económico desta terça-feira, e no Facebook ,fez eco das palavras de António Costa. 

«E como nós dizemos em Portugal, os amigos são para as ocasiões e numa ocasião difícil para o país, em que muitos não acreditaram que o país tinha condições para enfrentar e vencer a crise, a verdade é que os chineses, os investidores chineses estiveram presentes, vieram e deram um grande contributo para que Portugal pudesse estar hoje na situação em que está, bastante diferente daquela em que estava há quatro anos atrás. E queria agradecer à China todo o apoio que nos deu e que certamente não esqueceremos e que é um sinal do muito que ainda temos para desenvolver nas relações entre todos nós», disse o líder socialista.

O PSD louvou na quarta-feira a «lucidez» do secretário-geral do PS. 

O líder parlamentar do PSD afirmou hoje que «fugiu a boca para a verdade» ao líder socialista ao «reconhecer que o país está bem diferente em relação a 2011», com «uma perspetiva de crescimento e de futuro».

Em declarações aos jornalistas no parlamento, Luís Montenegro acusou António Costa de andar «um pouco ziguezagueante, senão mesmo confuso, nos últimos dias» e de ter protagonizado «o cúmulo da submissão política» a Bruxelas ao advertir para a importância das negociações a nível europeu.

«Fico até muito surpreendido porque tenho ouvido muitas vozes do PS a dizerem que este Governo, esta maioria, este PSD, são muito submissos àquilo que vem de alguns governos europeus, ora, pelos vistos o doutor António Costa dá aqui um exemplo que é o cúmulo da submissão política, que é dizer eu não tenho ideias para o meu país porque estou à espera de saber o que pensam os meus parceiros na União Europeia», ironizou.

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