António Costa garante: "Connosco não haverá Bloco Central" - TVI

António Costa garante: "Connosco não haverá Bloco Central"

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  • 4 jul 2020, 11:20

Primeiro-ministro marcou presença na abertura da reunião da Comissão Nacional do PS

O secretário-geral do PS defendeu este sábado que Portugal precisa de estabilidade, criticou "joguinhos políticos" à esquerda e à direita dos socialistas e afirmou que o seu partido não aproveitará boas sondagens para abrir uma crise política.

António Costa falava na abertura da reunião da Comissão Nacional do PS, num discurso em que advertiu que "a guerra contra a pandemia de Covid-19 não está ganha" e em que considerou que "este não é o momento para calculismos e taticismos".

Numa alusão ao que se passou ao longo das negociações do Orçamento Suplementar para 2020, o secretário-geral do PS criticou "os joguinhos políticos à esquerda e à direita" do seu partido e disse mesmo que os socialistas "não irão aproveitar as boas sondagens para abrir uma crise política".

No plano estratégico, António Costa procurou deixar uma mensagem clara destinada aos parceiros à sua esquerda no parlamento: "Connosco não haverá Bloco Central" PS/PSD.

Num discurso com cerca de 30 minutos, o líder socialista começou por salientar que o país enfrenta uma pandemia "global" e, em consequência, uma grave crise económica e social, sustentando depois que o seu Governo conseguiu responder na fase de emergência ao "travar o crescimento exponencial da Covid-19, assegurar a capacidade de resposta do Serviço Nacional de Saúde (SNS), garantir uma baixa taxa de letalidade entre os doentes e responder às múltiplas necessidades dos pontos de vista da proteção social e das empresas".

Mas convém estarmos bem cientes de que a guerra não está ganha. A pandemia continua a ser uma ameaça e um risco. Isso significa que este não é o momento nem para calculismos políticos nem para taticismos, mas para estarmos cem por cento naquilo que é controlo da pandemia, na capacidade de resposta à proteção do emprego e rendimentos das famílias e preparar a recuperação económica e social do país", advertiu.

Ou seja, segundo António Costa, "Portugal precisa de estabilidade e os portugueses podem contar com o PS para garantir essa estabilidade".

Já todos percebemos que à esquerda e à direita todos se preparam para começar com joguinhos políticos, mas cometem o gravíssimo erro de confundir a bolha político-mediática com aquilo que é o país real, aquilo que é necessidade das pessoas que continuam angustiadas", declarou.

Sem referir-se diretamente ao PSD, o secretário-geral do PS deixou um recado: "Já percebemos que alguns estão à espera de que a crise nos desgaste para a seguir às eleições autárquicas [em outubro de 2021] poderem pôr em causa a estabilidade".

E logo a seguir referiu-se às forças políticas à esquerda do PS, o Bloco de Esquerda, o PCP e o PEV: "Outros, vão-nos deixando sozinhos à espera que nos juntemos à direita para nos acusarem de governar à direita".

Cada um sabe de si, nós sabemos de nós, mas gostaria que não houvesse qualquer equívoco sobre as condições de governabilidade: Que fique claro, o PS não vai aproveitar boas sondagens para provocar uma crise política e precipitar eleições, porque não temos medo de cumprir as nossas responsabilidades e de governar e gerir o país nesta situação de crise que o país enfrenta", frisou.

Uma relação harmoniosa

O secretário-geral do PS considerou que a "grave crise" que o país enfrenta exige que o seu partido dê um "contributo ativo" para que haja uma relação harmoniosa entre os diferentes órgãos de soberania.

Combater a Covid-19 não é só combater no terreno da saúde, da prevenção da doença e do controlo da pandemia, mas combater também as consequências económicas e sociais. Para isso, o PS tem de estar bem ciente da sua responsabilidade e do contributo ativo que tem de dar para a estabilidade do país", declarou.

Neste contexto, o líder socialista defende a tese de que o PS "deve contribuir sempre para a relação harmoniosa entre os diferentes órgãos de soberania, procurando também mobilizar os parceiros sociais sobre a reconstrução do país e entre os diferentes agentes políticos".

Estamos bem cientes da enorme responsabilidade que temos, não vale a pena dizermos que bom que era se não tivesse havido a pandemia da covid-19. Claro que ninguém desejava, mas, como dizia [o secretário-geral das Nações Unidas] António Guterres, é vida, ela está aí", comentou.

Depois, o líder do PS deixou aviso sobre as consequências de uma eventual crise política.

Ninguém em Portugal, nenhum português poderia alguma vez compreender que, perante a crise que se está a viver, com a sua dimensão e consequências na vida das pessoas e das empresas, alguém pudesse pôr-se com jogos políticos em vez de se centrar no essencial. Se alguns acham que temos de voltar a novembro de 2015, pois cá estamos nós para recomeçar de novo para levar o país para a frente. É com esse espírito que temos de estar na vida política", acrescentou.

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