Desemprego: "Não se pode falar em dia histórico" - TVI

Desemprego: "Não se pode falar em dia histórico"

  • Redação
  • AM - Atualizada às 19:44
  • 5 ago 2015, 13:10

Socialistas acusam coligação de "insensibilidade social" e afirmam que houve a maior destruição de emprego dos últimos 50 anos e que o Governo fabrica estatísticas

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A deputada socialista Ana Catarina Mendes respondeu esta quarta-feira à congratulação da maioria PSD/CDS-PP face aos números do desemprego, afirmando que houve a maior destruição de emprego dos últimos 50 anos e que o Governo fabrica estatísticas.

"Há hoje menos 218 mil empregos desde que este Governo tomou posse. É a maior destruição de emprego em Portugal dos últimos 50 anos. Não tem nenhum paralelo no estado democrático em Portugal", afirmou a cabeça de lista "rosa" por Setúbal nas legislativas de 04 de outubro, em conferência de imprensa, na Assembleia da República.


Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), a taxa de desemprego fixou-se nos 11,9% de abril a junho, menos 1,8 pontos percentuais do que no trimestre anterior e dois pontos percentuais abaixo do trimestre homólogo de 2014, o que levara a parlamentar democrata-cristã Cecília Meireles a falar de dados históricos.

"A maioria dá os parabéns a estes números, diz que é um dia histórico, mas eu gostava de perguntar a todos os portugueses que estão desempregados ou emigraram se consideram um dia histórico", disse a vice-presidente da bancada do PS, acusando a coligação Portugal à Frente (PSD/CDS-PP) de "insensibilidade social".


Segundo a deputada socialista "a realidade do desemprego, hoje, não é comparável com 2011 e deve-se a quatro coisas essenciais": emigração (500 mil pessoas), falta de simetria entre redução de emprego e aumento do emprego, desencorajamento e falta de expetativas generalizados e o Estado a assumir-se como maior "empregador", designadamente os desempregados em formação profissional (de 25 mil para 160 mil) e a criação "brutal" de "mais de 70 mil estágios".

"Nunca como hoje o Estado foi tão importante na criação emprego - e coloco entre aspas. Isto não tem a ver com a atividade económica, mas com o empenho que este Governo tem em fabricar estatísticas com fundos estruturais europeus para criar a ilusão de que estamos a ter mais emprego em Portugal", garantiu.


A parlamentar socialista citou ainda o INE para sublinhar que há "1,128 milhões de desempregados portugueses, mais 87 mil do que no segundo trimestre de 2011 e, destes, apenas 268 mil têm subsídio de desemprego".
 

PCP fala em números "mascarados"


O PCP considerou que a taxa de desemprego agora anunciada de 11,9% no segundo trimestre não reflete a realidade do mercado de trabalho, falando em números "mascarados" que ‘esquecem' os 500 mil portugueses que foram obrigados a emigrar.

"Os números do desemprego refletem cada vez menos a realidade do mercado de trabalho", afirmou Jorge Cordeiro, membro do Secretariado e da Comissão Política do PCP, numa declaração na sede do partido, em Lisboa.


Pois, acrescentou, não é possível olhar para estes números sem lembrar os "500 mil portugueses que foram obrigados a emigrar".

Jorge Cordeiro explicitou ainda que a este meio milhar há ainda que somar os 250 mil inativos que desejariam trabalhar e que não contam para a estatística, os 240 mil que estão em situação de subemprego.

"O Governo anuncia do ponto de vista de resultados uma redução de 108 mil desempregados no último ano, queríamos lembrar que os números da emigração foram de 140 mil. Poder-se-ia dizer que nem sequer corresponde ao número de portugueses que foram forçados a emigrar", referiu.


Falando numa "taxa mascarada", Jorge Cordeiro estimou que se todos estes portugueses fossem contabilizados, a taxa de desemprego seria "muito superior a 30%".
 

PEV: "Urgente desmascarar as sucessivas mentiras" do Governo


Os responsáveis do Partido Ecologista "Os Verdes" (PEV) consideraram "urgente desmascarar as sucessivas mentiras" do executivo da maioria PSD/CDS-PP, "que destruiu milhares de postos de trabalho, fomentou a precariedade, a emigração e a instabilidade".

Em comunicado, o PEV, que concorre às legislativas coligado com o PCP, afirma que a taxa de desemprego estimada pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) de 11,9% de abril a junho - menos 1,8 pontos percentuais do que no trimestre anterior e 2,0 pontos percentuais abaixo do trimestre homólogo de 2014 - "não reflete, de todo, a realidade que se vive no país".

"Os números (do INE) não têm em consideração os participantes em cursos profissionais a decorrer no Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP), que ficam fora das estatísticas, as mais de 300 mil pessoas que emigraram, os muitos desempregados que deixaram de receber qualquer subsídio e, por isso, deixaram de estar inscritos e de procurar emprego e, ainda, o fator da sazonalidade", justificam os ecologistas.


BE: Governo mostra "cinismo"


O líder parlamentar do Bloco de Esquerda (BE) afirmou que o Governo mostra “cinismo” ao dizer que os números do desemprego relativos ao primeiro trimestre do ano “são históricos”, por serem dados que demonstram uma realidade parcial.

“Do nosso ponto de vista estes dados de desemprego são dados que demonstram uma realidade parcial”, afirmou Pedro Filipe Soares em declarações à agência Lusa, acrescentando que “quem vem hoje dizer, como diz o Governo, que estes números são históricos, fá-lo com um enorme cinismo”.


O líder parlamentar do BE justificou a “realidade parcial” dos números por não incluírem “muitos daqueles que emigraram, muitos daqueles que estão em estágios, em contrato de emprego de inserção, que ficaram desmotivados e por isso que perderam a ligação ao centro de emprego, ou aqueles que estão em ações de formação”.

“E quando nós olhamos para os dados do emprego, e por isso dos números de postos de trabalho existentes no nosso país, vemos que em quatro anos decaiu cerca de 219 mil postos de trabalho, o que significa que este Governo foi responsável por essa destruição, quase 150 postos de trabalho destruídos por dia”, sublinhou.

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