Passos acha que salário mínimo não pode crescer como Governo pretende - TVI

Passos acha que salário mínimo não pode crescer como Governo pretende

  • Redação
  • AR / PD (Atualizada às 20:10)
  • 28 jan 2017, 19:13

Líder do PSD acha que é "uma conversa infantil" prometer aumento de 19% até 2019. E quer que o Governo esqueça qualquer renegociação da dívida, porque “isso vai prejudicar toda a economia portuguesa"

O líder do PSD apelou este sábado a que o Governo reveja as metas estabelecidas para o aumento do Salário Mínimo Nacional (SMN), por achar que os valores em causa são incompatíveis com a evolução económica.

Este ritmo de crescimento do SMN não é sustentável a longo prazo. Pois claro: porque a longo prazo não serão eles a governar", declarou Passos Coelho, acrescentando que "o Governo tem que fazer é rever a decisão que tomou quanto ao que vai ser o salário mínimo ate 2019".

Para o presidente do PSD, em causa estão os cálculos que indicam que o SMN irá aumentar 19% até 2019, enquanto as empresas portuguesas se ficarão apenas por um crescimento de 5%.

Alguém acredita que os salários podem crescer 19% nestes anos se as empresas não crescerem também?", questionou. "Essa conversa é infantil (...) e [PS, BE e PCP] têm que ser responsabilizados pelas consequências das políticas que estão a decidir", defendeu.

Mobilização da TSU foi excecional

Falando em Arouca, na apresentação do candidato do PSD à câmara local, Passos Coelho voltou a abordar o recente voto contra do seu partido no Parlamento, justificando as razões porque reduziu a Taxa Social Única (TSU) quando era primeiro-ministro.

O facto de uma vez se ter usado excecionalmente a questão da TSU para o SMN não significa que a medida possa ser banalizada. Quando tomei em 2014 uma medida dessas, expliquei que era excecional e que não se podia voltar a repetir", explicou.

Para Passos, há risco quando se repete a medida. Porque "em abril de 2014, o número de trabalhadores com tempo completo e em situação de receber o SMN era de cerca de 400 mil pessoas. Dois anos depois, em abril de 2016, esse número já tinha mais do que duplicado: eram cerca de 840 mil", segundo as contas do presidente do PSD. 

Se passa a haver uma taxa para o SMN todos os anos e outra taxa diferente para os outros salários todos, é evidente que os empregadores têm um certo incentivo a escolher a taxa mais baixa e a contratar apenas para o SMN - e isso é perverso", defendeu Passos Coelho.

"Deitar gasolina em cima da fogueira"

Sobre a renegociação da dívida portuguesa, Passos Coelho defendeu que, na situação atual, quando Portugal paga juros elevados para se financiar, é "deitar gasolina em cima da fogueira" e prejudica a economia nacional.

Se estamos a pagar mais caro para nos financiarmos, é natural que os investidores comecem a ver crescer alguma desconfiança quanto à nossa capacidade de pagar", começou por explicar o líder do PSD. "Se a isso se juntar uma conversa do próprio Governo e dos partidos que o apoiam à volta da renegociação da divida, isso é deitar gasolina em cima de uma fogueira", concluiu.

 

"Essa abordagem é não apenas a mais inútil, mas também a mais perigosa de todas", realçou, defendendo que "o importante era o Governo parar com essa conversa e pedir aos partidos que o apoiam que parem também, porque isso vai prejudicar toda a economia portuguesa".

Pedro Passos Coelho sustenta a sua posição no argumento de que "Portugal foi o país em que o custo da divida mais aumentou".

"Ao contrário do que se passa noutros países, Portugal paga para se financiar muito mais do que a generalidade dos outros países que têm a mesma moeda e beneficiam da mesma conjuntura económica externa", afirmou.

"Em 2015, nós já tínhamos conseguido ter, pela primeira vez, um decréscimo do rácio da divida e em 2016 voltou a agravar-se essa situação, o que, associado a um conjunto de medidas que tem sido tomado pelo Governo, tem gerado desconfiança nos mercados", declarou.

Para o PSD, a estabilidade económica do país e da própria Europa também não sai beneficiada de iniciativas como o encontro que este sábado reuniu em Lisboa chefes de Estado e de Governo dos países no sul da Europa.

"Não me parece ser muito positivo (…) nem a abordagem mais construtiva", comentou, acrescentando: "Do que precisamos na União Europeia não é de estar a fragmentar o espaço europeu reunindo os países do sul de um lado, os do norte do outro, etc.".

"Numa altura como aquela que estamos a viver, com tantas transformações a ocorrer, quer com os Estados Unidos, quer com a saída programada do Reino Unido da União Europeia, o que precisamos é de coesão dentro da Europa - não de reunir grupos e grupinhos", defendeu Passos Coelho.

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