"O PS não vai ter maioria absoluta nenhuma" - TVI

"O PS não vai ter maioria absoluta nenhuma"

Um Rui Rio confiante, descrente nas "sondagens manipuladas", diante de uma Catarina Martins que aconselha PSD a "não estar sempre a invocar José Sócrates". Um frente-a-frente que ficou dominado pelo tema da Saúde e das PPP

Rui Rio acusa "quem faz as sondagens" de as manipular deliberadamente, para "desmoralizar" o PSD e "moralizar" o PS. O líder do PSD apresentou-se a debate confiante nos resultados eleitorais de 6 de outubro e totalmente descrente em sondagens

"A que propósito vem a mioria absoluta do PS. Não vai ter maioria absoluta nenhuma. O PS não vai ter maioria absoluta nenhuma. Porque não me faz a pergunta ao contrário: e se houver uma maioria absoluta do PSD?", questionou. 

Num debate que ficou dominado pelas questões da Saúde e das PPP no setor, Catarina Martins aconselhou O PSD a “não estar sempre a invocar José Sócrates”. “O primeiro-ministro que disse que queria empobrecer Portugal com um programa político foi Passos Coelho, do PSD. Com uma maioria absoluta do PSD e CDS decidiram empobrecer o país, cortaram os salários em cerca de 8% (na Função Pública, os cortes foram de 15%), cortaram as pensões…”, acusou a coordenadora do Bloco de Esquerda.

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Rui Rio comparou o programa eleitoral do Bloco de Esquerda não a “uma coisa tipo PREC de 1975, mas é uma coisa parecida”. “Se agora fossemos fazer aquilo a que o Bloco de Esquerda se propõe, recuperar outra vez os CTT, a ANA, a EDP e a REN… não sei com que dinheiro. A dívida pública portuguesa é uma das mais altas do mundo. É a terceira mais alta ou quarta mais alta da União Europeia e é das mais altas do mundo”, lembrou Rui Rio.

Catarina Martins acusou o PSD de querer privatizar o setor da Saúde e desafiou Rui Rio a especificar “que hospitais quer entregar a privados? É o São João no Porto? É o São José e o Santa Maria em Lisboa?”.

“É uma má ideia do ponto de vista de princípio é um exemplo de promiscuidade. (…) As PPP na Saúde são um exemplo de promiscuidade para alimentar grupos económicos como o Grupo Mello, os chineses da Fosun”, considerou Catarina Martins.

A receita de Rio para o sucesso das PPP na Saúde

Rui Rio recusou responder que hospitais pretende privatizar, porque isso não compete ao partido da Oposição: “Se chegar ao Governo, logo vemos”. A Rio pouco importa se a saúde é pública ou privada. O que interessa é que seja garantido o acesso: “Se o hospital é gerido por um público ou por um privado, para quem está doente, pouco interessa, quer é ser bem servido.”

Para o PSD, o SNS é público. Ponto. Mas se um privado me der um melhor serviço, mais barato, vou dizer que não, só por uma questão ideológica? Não!”

A receita de Rui Rio para garantir que as PPP resultam é garantir que “o contrato tem de ser bem feito e a fiscalização tem de ser bem feita”. “Se o contrato não for bem feito e a fiscalização não for bem feita, claro que surgem os aspetos que a Esquerda aponta”, disse.  

“Quem é que perde? Não sou eu, porque felizmente também tenho um seguro de saúde. Mas são os mais desfavorecidos. As pessoas que não têm seguros de saúde, as pessoas que não têm dinheiro. Essas que espera, um mês, dois, três…  um ano. E pelo caminho morrem e se não morrem, sofrem imenso.”

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Rio sublinhou que “está tudo pior na Saúde”. “O orçamento executado no SNS nos últimos quatro anos foi muito menor do que o do Governo anterior. O executado. Porque os senhores aprovavam uma coisa, mas depois o governo cativava, cativava, cativava… (…) Não há dúvida nenhuma que, nestes quatro anos, o Governo degradou o SNS. Agora, até os medicamentos faltam (..) agora já nem é um problema de dinheiro. As pessoas têm dinheiro, mas não há medicamentos nas farmácias. O tempo de listas de espera aumentou”, exemplificou.

A sinceridade de Rio e o “politicamente correto”

Catarina Martins atacou Rui Rio por este ter deixado claro que não quer cumprir o mandato de deputado, já que é esse o cargo para que está a concorrer.

“Acho que isso é algo que não deve ser dito. Quem se candidata deve respeitar quem elege e se o presidente do PSD não quer ser deputado, não se deve candidatar. O Parlamento aprova Orçamentos do Estado, leis fundamentais e fiscaliza a ação do Governo. Eu sei que as deputadas e os deputados do BE estão no Parlamento para defender quem trabalha, para salvar os serviços públicos (…) e acho muito estranho que alguém venha pedir o voto e dizer que não quer fazer o seu trabalho”, acusou.

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Rui Rio diz que valoriza a sinceridade na Política e considerou que as pessoas não estão habituadas a tal comportamento e preferem o “politicamente correto”.

"Eu sou sincero: aquilo que me fez voltar à Política, foi ser líder do PSD e candidato a primeiro-ministro”, reconheceu.

O líder do PSD ainda teve tempo para o humor e diz que não pode ouvir todas as críticas que lhe fazem: “Elas são tantas, quer dentro do meu partido, quer fora, que não as posso ligar muito a elas.”

 

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