Passos Coelho diz que crescimento económico do país “continua medíocre” - TVI

Passos Coelho diz que crescimento económico do país “continua medíocre”

Passos Coelho

Líder do PSD respondeu ainda a uma acusação do ministro das Finanças que o acusava de falta de vergonha devido ao que se passou na Caixa nos últimos quatro anos: "Falta de vergonha é andar anos a ser cúmplice com um comportamento do principal banco público irresponsável"

O líder do PSD, Pedro Passos Coelho, disse que o crescimento económico do país “continua a ser medíocre” quando comparado com o passado e com países como Espanha e Irlanda, atribuindo à diferença de políticas públicas esta situação.

O que vemos quando comparamos não deixa margem para dúvidas, esses países crescem a um ritmo muito superior àquele que nós observamos em Portugal, mesmo sabendo que em 2016 o desempenho económico será um pouco melhor do que aquele que o Governo tinha projetado”, disse Passos Coelho, no discurso que encerrou o XXII congresso do PSD/Açores, em Rabo de Peixe, no concelho da Ribeira Grande.

Segundo o social-democrata, “na verdade continua a ser medíocre quando comparado com o passado, com aquele” que o Governo de coligação PSD/CDS-PP deixou, e “particularmente medíocre quando comparado com aquele que se vê em Espanha ou com o que se vê na Irlanda”.

“Porque é que a Espanha cresce mais do dobro do que cresce Portugal, apesar de ter estado quase um ano sem governo? Porque é que a Irlanda cresce significativamente mais do que Portugal e mais até do que a Espanha?”, questionou, considerando que é na diferença das políticas públicas que tem de ser encontrada a justificação para o resultado "muito diferente" daqueles países.

Para Passos Coelho, esses países “ultrapassaram a suas crises, fizeram as suas reformas e caminharam em frente, reforçaram a confiança dos investidores” e “pagam pelo financiamento do Estado muito menos do que Portugal”, sendo que “Espanha paga metade” e a Irlanda “a quarta parte” do que paga o país.

O que está errado não é nem a Comissão Europeia, nem a Europa, nem o contexto ou conjuntura externa, o que está errado são as políticas que temos seguido”, argumentou.

Para Passos Coelho, Portugal podia estar a crescer “muito mais, a criar um emprego sustentável”, mas tal não sucede.

“Aquilo que acontece é que os objetivos que têm vindo a ser atingidos – e ainda bem que eles têm vindo a ser atingidos - em matéria de défice público são o resultado de um conjunto de políticas que não são sustentáveis”, declarou o social-democrata, advertindo que “não é possível viver todos os anos de medidas extraordinárias, de receitas extraordinárias”, porque “o que é extraordinário não se repete todos os anos”.

O presidente do PSD apontou ainda que há outras medidas que, não sendo extraordinárias “não são sustentáveis, como os cortes que têm vindo a ser feitos na despesa pública e que estão a pôr em causa a qualidade dos serviços” na Educação, Saúde e noutras áreas.

“Em bom rigor, nem o engenheiro Sócrates [ex-primeiro-ministro do PS] e o professor Teixeira dos Santos [ministro das Finanças do Governo de José Sócrates] teriam precisado de recorrer à ajuda externa se fosse fácil, em permanência, fazer esse tipo de cortes sem reformar o Estado e as políticas públicas, isso já tinha sido feito há muito tempo”, afirmou Passos Coelho, para quem o que se está a fazer “é empurrar com a barriga, é a fazer de conta”.

“É a dívida que está a crescer, não é o nosso espaço de manobra, não é a nossa confiança para futuro”, acrescentou.

“Falta de vergonha” é ser cúmplice com comportamento irresponsável

O líder do PSD, Pedro Passos Coelho, afirmou este domingo que “falta de vergonha é andar anos a ser cúmplice” com o comportamento “irresponsável” da Caixa Geral de Depósitos, como foi o governo que antecedeu o do PSD/CDS-PP.

O ministro das Finanças ainda recentemente voltou a dizer que o que se tinha passado nos últimos quatro anos na Caixa Geral de Depósitos era uma falta de vergonha. Pois bem, senhor ministro das Finanças, o que é uma falta de vergonha é andar anos a ser cúmplice – como foi o Governo que antecedeu o do PSD e o do CDS - com um comportamento do principal banco público irresponsável que obrigou nos últimos anos ao reconhecimento de mais de cinco mil milhões de imparidades por créditos que foram atribuídos, não durante a nossa gerência, mas durante a gerência anterior”, disse Passos Coelho.

O social-democrata discursava em Rabo de Peixe, concelho da Ribeira Grande, no encerramento do congresso regional do PSD/Açores, ocasião em que considerou que “talvez o ministro das Finanças possa usar um bocadinho do seu discurso para dizer porque é que falta capital na Caixa”, problema que, assegurou, não ocorreu quando foi chefe do Governo.

Mas não deixa de ser significativo que, tendo o ministro tanta preocupação em chamar a atenção para o que se passou no passado, não consiga, ao cabo de um ano, resolver sequer o problema da administração do principal banco português”, referiu.

Passos Coelho adiantou que continua sem se saber “qual é o plano de recapitalização e o plano de reestruturação”.

“Foi preciso o presidente que foi nomeado para a Caixa pelo próprio Governo zangar-se com o Governo para ir ao parlamento dizer o que era o plano. Até hoje ainda não se ouviu os responsáveis do Governo prestar ao parlamento a informação que todas as semanas, cirurgicamente, enviam para a comunicação social”, declarou, considerando que “para quem está hoje no Governo em Portugal a comunicação social merece mais respeito do que o parlamento”, o que “não é um bom princípio”.

PSD com disponibilidade total para reforçar mecanismos de autonomia

O presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, disse que o partido tem disponibilidade total para reforçar os mecanismos autonómicos.

Cabe, aqui evidentemente, ao PSD dos Açores esse papel de procurar com a sociedade civil açoriana os temas de debate sobre os quais devemos encontrar novos pontos de convergência, mas na oposição ou no governo, o PSD em termos nacionais tem a mesma perspetiva, o princípio da subsidiariedade é o mais importante e a nossa disponibilidade para poder reforçar os mecanismos autonómicos é total”, afirmou Passos Coelho.

O líder do PSD discursava na sessão de encerramento do XXII Congresso Regional do PSD/Açores, em Rabo de Peixe, concelho da Ribeira Grande.

Antes, Passos Coelho abordou a necessidade de “manter uma grande abertura para revisitar os fundamentos da autonomia regional, quer nos Açores quer na Madeira, e encontrar novas âncoras” que permitam “fazer uma discussão prospetiva que traga ainda mais soluções e menos problemas”.

“Não estaremos sempre de acordo, isso parece-me natural, o que é importante, apesar de tudo, é sublinhar o respeito com que devemos aceitar as ideias dos outros”, declarou, garantindo que não obstante poderem “não concordar em tudo”, o PSD nacional aceita e respeita a “autonomia que o PSD dos Açores tem e tem evidenciado”, e não deixará com os órgãos regionais do PSD “de fazer esse debate para saber em cada momento” como é que se pode “aperfeiçoar ainda mais este projeto autonómico”.

Segundo Passo Coelho, em termos nacionais, o PSD tem “dado mostras” de abertura “a fazer essa discussão e em revisitar, desde as questões do financiamento até às questões do modelo de descentralização política, formas que possam trazer mais próximo dos cidadãos os elementos de responsabilização e de determinação sobre o seu futuro”.

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