Antes de apresentar ideias "“de natureza estrutural” na discussão do Orçamento do Estado de 2017, o líder social democrata quer ouvir os parceiros sociais. É uma garantia dada esta terça-feira em Albergaria-a-Velha, na abertura das “Jornadas Consolidação, Crescimento e Coesão”.
O PSD apresentará algumas propostas de natureza estrutural, nomeadamente sobre como consolidar as contas públicas, sem ser através de impostos indiretos, e como atrair mais investimento externo. E vai pedir um encontro aos parceiros sociais para os ouvir”, anunciou Pedro Passos Coelho.
Passos Coelho assumiu, contudo, ter dúvidas de que a maioria parlamentar venha a acolher as propostas que o PSD vai apresentar. Porque “o ministro das Finanças já veio dizer que há pouco espaço para mexer” e o Orçamento reflete as escolhas do PS, do PCP e do BE.
Não é por estarmos na oposição que desejamos que corra mal ao país, mas devemos chamar a atenção para o que corre mal e apresentar a nossa alternativa e dar o nosso contributo para que possa ficar melhor”, declarou.
"Governo prefere crescer poucochinho"
Para o líder do PSD, há que aproveitar melhor as condições conjunturais como o petróleo mais barato, a taxa de juro do Banco Central Europeu mais favorável e as importações mais baratas para que a economia portuguesa possa crescer mais.
Esse outro caminho, sublinhou, passa por “ser mais prudente na restituição de rendimentos, mas sobretudo por uma estratégia para atrair mais investimento”, e não “acertar a despesa pelo calendário mais interessante para o Governo e depois se verá”, de forma a garantir a sobrevivência dos acordos à esquerda.
O Governo prefere crescer poucochinho para ir mantendo o apoio do PCP e do Bloco de Esquerda”, acusou Passos Coelho, considerando o anunciado aumento das pensões “o aspeto mais chocante”.
O Estado tem pouco dinheiro e há um problema de sustentabilidade das pensões que o Governo decidiu empurrar para mais tarde. Mas se falta dinheiro é preciso cuidado com os aumentos e estas atualizações vão ser pagas pelos impostos”, disse, acusando o Governo de António Costa de querer “fazer um bonito” para as eleições autárquicas.
É que, só em agosto o Governo vai ver se a atualização ficou aquém dos 10 euros, podendo haver, nesse caso um aumento extraordinário.
Porque não dá esse aumento já em janeiro? Só em agosto é que vai haver dinheiro? Dava menos, já a partir de janeiro. Sabemos porquê. Quer fazer um bonito, no calendário que lhe é mais interessante”, criticou.