«Portugal tem vivido numa espécie de longo intervalo publicitário» - TVI

«Portugal tem vivido numa espécie de longo intervalo publicitário»

PSD faz balanço dos quatro anos do Governo

Ferreira Leite traça cenário negro dos quatro anos de Governo do PS

Manuela Ferreira Leite traçou um cenário negro da actuação do Governo do PS nos últimos quatros anos, acusando o Executivo de «optar pela fantasia, esquecendo a verdade». A líder do PSD sublinhou esta tarde, no CCB, em Lisboa, que até o socialista António Costa «critica sem rodeios» políticas da actual maioria. E disse que o seu partido é a resposta para «o actual estado de coisas».

Numa sala repleta de apoiantes, Ferreira Leite começou por dizer que «Portugal está pior em 2009 do que em 2005». E passou ao ataque, disparando contra os argumentos socialistas, salientando que o PS esteve nos «últimos 14 anos 11 no poder». Mas também atirando contra a «aposta na propaganda» e a «obsessão pela imagem».

«Portugal tem vivido numa espécie de longo intervalo publicitário, só que a dureza da actual crise interrompeu a fantasia», afirmou Ferreira Leite, fazendo soar aplausos na sala. «Eu não acredito no espectáculo e na mentira como forma de estar na política»



A líder do PSD investiu depois contra o que descreveu como um atrevimento do PS, ao «pedir uma nova maioria absoluta», negando ao Governo o argumento da actual conjuntura para explicar os problemas do país. «A culpa do ponto a que chegamos não é da crise internacional, resulta, sim, de quatro anos de políticas socialistas».

O exemplo de Costa

A imagem que valeu para exemplificar o que considera ser a falência do desempenho do Executivo foi a do antigo ministro de José Sócrates António Costa. «Até o actual presidente da Câmara de Lisboa percebeu a magnitude do problema e já critica sem rodeios a politica do Governo em matéria de segurança e polícia» , salientou.

«O actual estado do país resulta das escolhas e das opções políticas do Governo socialista, resulta do seu programa e das suas soluções, resulta, em muitos casos da sua incapacidade e incompetência», disse.

Esta situação não é, porém, uma fatalidade para Ferreira Leite. «Não estamos condenados a este estado de coisas», disse, assegurando que o PSD está a «preparar um programa de Governo diferente e adaptado às novas circunstâncias». «Não estamos condenados a este estado de coisas», rematou.

Seis áreas negras

Além de Ferreira Leite, o discurso crítico do governo fez-se ouvir também pela boca do líder parlamentar «laranja», que abriu a sessão. «Neste momento de incerteza, de desalento, de desmotivação dos portugueses, só os deputados do PSD podem ser porta-vozes de Portugal», apontou.

Paulo Rangel destacou as «dificuldades» de trabalho da sua bancada nos últimos anos, atribuindo-os a «um Governo detentor de uma máquina de propaganda e uma política de comunicação sem paralelo, que, até no seu partido, criou um clima de medo e de claustrofobia».

O retrato negro do país foi pintado em seis matizes. A área da justiça e segurança esteve a cargo do deputado e antigo ministro da justiça Fernando Negrão, a economia coube a Rosário Águas, Regina Bastos falou sobre a saúde, a educação foi abordada por Pedro Duarte, Adão e Silva atacou o tema das Políticas Sociais e o ambiente foi objecto do discurso de José Eduardo Martins.

Se na área da economia foi realçado a falta de cumprimento das promessas de um crescimento anual de três por cento e a criação de 150 mil empregos, na justiça, Fernando Negrão atacou a «governamentalização da justiça, da investigação criminal, fragilizando o Estado de direito».

Na saúde foi apontada a perda de serviços e a desmotivação dos profissionais do sector. «Hoje os portugueses têm uma saúde mais cara e uma saúde mais distante», disse Regina Bastos. A educação também foi apresentada em tonalidades sombrias. Pedro Duarte sinalizou «três grandes marcas» do Executivo no sector: a «obsessão pela propaganda», um «clima de intimidação», e «enorme conflitualidade».



O ambiente mereceu as palavras de José Eduardo Martins, dizendo que «a contenda entre ambiente e economia foi sempre ganha pela economia».
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