O ex-líder do CDS/PP, José Ribeiro e Castro, não gostou de ver o próprio partido a deixar elogios ao Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) de José Eduardo dos Santos e não poupa críticas à representação do CDS no congresso do MPLA, que decorre em Luanda.
Em causa, as declarações polémicas do deputado Hélder Amaral, que reconheceu “muitos pontos em comum” entre MPLA e CDS.
Na 21ª Hora, da TVI24, Ribeiro e Castro esclareceu que não critica a participação do partido no congresso, mas demarca-se das declarações de Hélder Amaral, as quais considera “declarações de alinhamento com o MPLA”.
O antigo presidente do CDS diz que o que aconteceu foi um "episódio basbaque" e “bastante lamentável”.
Já antes, através do Facebook, Ribeiro e Castro tinha criticado as palavras do representante do CDS no congresso, em Angola, em tom irónico:
Esse Congresso do CDS talvez venha a contar também com a presença de delegações do Partido Comunista de Cuba, do Partido do Trabalho da Coreia do Norte, do Partido Comunista do Vietname, da FRELIMO, da Frente Polisário e do Partido Comunista da China”, escreveu.
Referindo-se ao congresso onde se fizeram representar ainda o PS, PSD e PCP, Ribeiro e Castro considerou “criticáveis” também as declarações do vice-presidente do PSD, Marco António, que manifestou esta quinta-feira o desejo de continuar o caminho de aproximação institucional com o MPLA.
Questionado sobre se Portugal tem mantido uma atitude submissa em relação às elites angolas, Ribeiro e Castro é perentório: “Creio que em boa parte sim, e isso é negativo”, já que, na opinião do o ex-líder democrata-cristão, isso “inibe-nos de ver sinais críticos”.
Ribeiro e Castro aproveitou para elogiar a atitude do Bloco de Esquerda, que ficou de fora do congresso.
A única exceção é o Bloco de Esquerda”, afirmou. “É o único partido que mantém alguma liberdade e alguma independência crítica”.
Já Vítor Ramalho, secretário-geral da União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA), defende a não intromissão nos assuntos internos de cada estado.
Nós também temos, em Portugal, questões de corrupção verdadeiramente inaceitáveis", mas não é por isso que "Angola começa a disparar para nós", como nota.
Ainda assim, Vítor Ramalho reconhece que a "democracia angolana" não é igual às "democracias europeias"
Isso não significa que, entre irmãos, nós não façamos críticas em relação a condutas que são reprováveis. Uma coisa é a forma de ajudar, outra coisa é o inquinamento sistemático de relações", defende.
O dirigente e deputado do CDS-PP Hélder Amaral disse esta quarta-feira, em Luanda, que aquela força política portuguesa está muito mais próxima do MPLA, partido no poder em Angola, e agora com "muitos mais pontos em comum".
Hélder Amaral frisou que hoje a linguagem é comum aos dois partidos, depois de algum distanciamento entre as duas forças políticas, salientando que "é um caminho natural que se foi fazendo" e que o CDS fez aquilo que tem feito sempre, que é "saber ler os tempos, os sinais, adaptar-se e atualizar-se".