José Sócrates quebrou o silêncio. Em entrevista à RTP justificou o seu regresso, dizendo que o faz para servir de contraditório à narrativa da direita.
«Quatro ex-líderes do PSD têm os seus programas de televisão, mas quanto a isso não há problema nenhum. Mas assim que um ex-líder do PS faz o mesmo, Aqui D'El Rei. Isso nada tem de democrático», referiu, sublinhando que «apresentam o facto de ter sido convidado pela RTP como um escândalo». Na sua opinião tratam-se de «narrativas primárias»
«Tenho uma má notícia para dar a essas pessoas: vou falar e vou dizer o que tenho a dizer, quer essa gente queira, quer não queira», destacou.
Na sua perspetiva, estes ataques têm por trás «uma grande mistificação histórica, que tem uma ideologia e cor política por trás, que a direita apresentou ao país». Para José Sócrates, «não houve alternativa a essa narrativa» e por isso sentiu necessidade de o fazer: «Faço isto em primeiro lugar por mim próprio, porque não estou bem comigo próprio pelo silêncio, quando fui atacado».
Mas será que o PS poderia fazer essa defesa? Sócrates acha que essa defesa tem de ser feita por si e compreende o papel de António José Seguro: «O PS entrou num novo ciclo, elegeu um novo líder. É normal que os líderes olhem para o futuro. Faz parte da política e da natureza da governação. Tentou encontrar respostas para o país. Essa atitude nobre deixou que essa narrativa dos opositores estivesse sozinho em campo. Estou aqui para o fazer».
Ainda no âmbito destes ataques, foi questionado o que o ex-primeiro-ministro pensa das declarações de Morais Sarmento, que considerou que «José Sócrates é uma pessoa sem medo, mas também sem vergonha». «Isso diz tudo da direita portuguesa. Nunca foi capaz de combater de forma nobre e democrática. Fez sempre numa dimensão pessoal e não contribui para a elevação do debate político. É uma declaração exemplar e representativa da cultura da direita, que o espaço televisivo é para eles e para a sua família», respondeu.
José Sócrates aproveitou para esclarecer que o facto de ser comentador surgiu por convite da RTP. «Alguns líderes da direita dizem que eu me ofereci. Isso é mentira. Demorámos umas semanas a negociar e resolvi aceitar o convite. Exigi nesse contrato que figurasse que era pro bono, sem receber um tostão. É um direito e um dever», justificou, enquanto o diretor da RTP, um dos entrevistadores, confirmava.
Sócrates: «Faço isto para contrariar narrativa da direita»
- Filipe Caetano
- Cláudia Lima da Costa
- 27 mar 2013, 21:29
Ex-primeiro-ministro justifica-se em entrevista à RTP
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