"Às vezes pensam que chego a Lisboa vindo do Porto e não percebo nada disto" - TVI

"Às vezes pensam que chego a Lisboa vindo do Porto e não percebo nada disto"

  • LCM com Lusa
  • 11 jul 2018, 19:23

Rio admite “entendimentos estruturais no quadro parlamentar” mas reitera querer ganhar eleições

O presidente do PSD distinguiu hoje uma solução governativa de Bloco Central, que só faz sentido numa situação “absolutamente extraordinária”, de “entendimentos estruturais no quadro parlamentar” para fazer “as reformas de que Portugal precisa”.

Questionado se estaria disponível para suportar no parlamento um eventual Governo PS minoritário, Rui Rio respondeu da forma que o próprio classificou como a correta na tática política, reiterando que o objetivo do PSD é vencer as eleições.

Só para verem que eu também sei a tática - às vezes pensam que chego a Lisboa vindo do Porto e não percebo nada disto - em política isto responde-se assim: nem me passa pela cabeça porque eu vou ganhar as eleições”, afirmou, no final de uma reunião na sede do PSD com a Ordem dos Solicitadores, no âmbito das reuniões que tem promovido na área da justiça.

Rui Rio foi questionado pelos jornalistas sobre as palavras do secretário-geral do PS que na terça-feira à noite acusou a direita de construir “uma ficção” de que a atual solução governativa não funciona e que é preciso um Bloco Central, salientando António Costa que os socialistas têm uma identidade própria e não são “uma Carochinha à procura do João Ratão”.

“Não tenho cara de João Ratão”, assegurou, na resposta, Rui Rio.

Sobre a possibilidade de um Governo com o PS, o presidente do PSD repetiu o que tem dito e que “o próprio secretário-geral do PS tem dito”.

O Bloco Central só faz sentido numa situação absolutamente extraordinária do país. Neste momento não se vive, nem prevejo que se venha a viver depois das eleições de 2019, se se viesse a viver teria sido o descalabro desta governação”, afirmou, atribuindo as afirmações de António Costa a um momento de “atirar de culpas” que se vive dentro da ‘geringonça’.

No entanto, o presidente do PSD fez questão de dizer que “outra coisa completamente diferente são entendimentos de ordem estrutural no quadro parlamentar”.

“Uma coisa são os entendimentos de que Portugal precisa, outra é os partidos entenderem-se para a formação de um Governo. Os dois maiores partidos entenderem-se para formação de um Governo só numa situação absolutamente extraordinária, que do 25 de Abril até hoje aconteceu uma vez”, sublinhou.

Questionado sobre a posição assumida hoje pelo antigo líder parlamentar Luís Montenegro – que também já tinha sido defendida por deputados da bancada social-democrata – para que o PSD assuma desde já o voto contra o Orçamento do Estado, Rio atribuiu-a à “rutura” que introduziu na forma de fazer política.

“Compreendo perfeitamente que aqueles que estiveram durante muito tempo de uma dada forma na política se choquem agora quando chego e digo que um partido político para ser sério não pode ter opinião sobre um documento que não existe sequer (…) Compreendo que configurando alguma rutura haja choques, teremos eleições para avaliar os choques”, referiu.

Ainda assim, Rui Rio reiterou que “o mais natural é o documento aparecer de forma contrária à que o PSD entende”, mas recusando assumir uma posição oficial antes da apresentação do Orçamento do Estado.

Rio preparado para críticas internas na justiça mas nega querer “destruir de cima a baixo” o que foi feito 

O presidente do PSD disse estar disponível para críticas internas às propostas que irá apresentar na área da justiça, desde que “convictas e genuínas”, mas negou querer “destruir de cima a baixo” o trabalho do anterior executivo.

O que foi feito pelo Governo anterior e pela anterior ministra da Justiça tem coisas boas e coisas menos boas, e a sociedade evolui. Já fiz muitas reformas na minha vida que mais à frente tiveram de ser ajustadas, a prática vai dando ensinamentos”, afirmou Rui Rio, quando questionado no final de uma reunião com a Ordem dos Solicitadores se pretende alterar a política do anterior executivo PSD/CDS-PP.

O presidente do PSD considerou que o trabalho que foi feito “não é intocável” nem “um tabu”, e apontou como exemplo de algo que, em muitas das reuniões que tem feito com agentes da justiça, lhe tem sido dito que “correu mal” – a passagem dos inventários dos tribunais para os notários.

Questionado se está preparado para as críticas que podem surgir dentro do seu próprio partido, respondeu: “Quando são críticas sinceras, convictas e genuínas, são essas que eu gosto e são por essas que entrei para a política, coisa diferente é quando são críticas com manha, insultuosas e táticas”.

“Esse curso eu também tenho, mas não o pratico”, disse.

No final da reunião de quase duas horas, na sede nacional do PSD, no âmbito de audiências que tem vindo a realizar desde final de maio na área da justiça, Rui Rio repetiu que “o primeiro documento” que o Conselho Estratégico Nacional está a produzir nesta área será divulgado até final de julho, mas não em forma de desafio aos restantes partidos.

“A proposta já está toda desenhada, a questão que se coloca é fazer um documento que possa ser olhado pelos outros com simpatia e aceitação”, disse, reiterando que não será apresentado “num formato tradicional, de conferência de imprensa” e que o objetivo “não é o PSD ter os louros”.

Rui Rio assegurou que, sobre esta reforma, não teve ainda qualquer “contacto direto” nem com o PS nem com “mais nenhum partido”.

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