Congresso do PSD: Rio diz que a "escolha de um autarca não é a escolha de um amigo" - TVI

Congresso do PSD: Rio diz que a "escolha de um autarca não é a escolha de um amigo"

  • HCL
  • 7 fev 2020, 22:32
Rui Rio

O líder social-democrata considerou que o mandato que agora inicia será seguramente marcado por um ato eleitoral da maior relevância para o PSD: as eleições autárquicas de 2021

O presidente do PSD afirmou esta sexta-feira que a escolha dos candidatos autárquicos obedecerá a critérios de competência e não de fação partidária, num discurso em que prometeu ser inflexível contra abusos e clientelismo no Poder Local.

Estas posições foram transmitidas por Rui Rio no discurso de abertura do 38º Congresso Nacional do PSD, em Viana do Castelo, durante a qual defendeu a descentralização e desconcentração - responsabilizando mesmo a administração Central pela esmagadora maioria da dívida contraída pelo país - e definiu objetivos partidários para as eleições autárquicas de 2021.

A escolha de um autarca não é a escolha de um amigo nem a do líder de uma qualquer fação partidária. Ela tem de ser ditada com base em critérios de competências, dedicação e de credibilidade. Temos, em 2021, de recuperar o terreno perdido em 2013 e em 2017. Recuperar presidências de câmara, mas também de vereadores e eleitos de freguesia", considerou.

Em termos de fasquia eleitoral, Rui Rio adiantou que, nas autarquias em que o PSD não vencer, deve eleger um número de vereadores consentâneo com a dimensão histórica do partido, "ultrapassando os fracos resultados obtidos nos dois últimos atos eleitorais, designadamente nos concelhos mais populosos do país".

Temos de aumentar, de uma forma muito significativa, o número de votos nas listas do PSD, mesmo quando estes não sejam suficientes para eleger os nossos candidatos ao lugar cimeiro", reforçou.

Na sua intervenção, o líder social-democrata abordou também a questão da corrupção, deixando aqui um aviso: "Sempre que houver aproveitamento abusivo de meios públicos autárquicos para fins de natureza pessoal ou partidária, ou da utilização da autarquia como empregador de clientelas partidárias, esses casos têm de merecer o nosso inteiro repúdio e uma atenção especial do próprio Ministério Público - independentemente do partido a que pertencer o presidente da autarquia em causa", frisou Rui Rio, recebendo palmas dos delgados sociais-democratas.

Se berra mais alto, se diz mal de tudo o que o Governo faz, se não concordo com nada, então está a fazer uma verdadeira oposição (…) É isto que eu não quero que o PSD faça sob a minha liderança”, afirmou Rio, sublinhando que “não adianta insistir na política do bota-abaixo e da crítica sem critério nem coerência”.

Deixemos isso para os outros e portemo-nos nos com a elevação e a nobreza que a atividade política nunca devia ter perdido”, apontou, no final de uma semana em que esteve sobre fortes críticas do PS e do Governo pela postura do partido no debate orçamental.

O líder do PSD prometeu que o partido será “uma oposição credível e realista”, disse que em política não tem "inimigos, mas adversários", alertando para os perigos de seguir outro caminho.

Fazer o contrário, como alguns críticos internos defenderam e como tantos comentadores nos pretendiam ensinar, teria tido o mesmo resultado eleitoral que outros partidos tiveram”, afirmou, numa referência implícita à quebra eleitoral do CDS-PP.

Onde estaria o PSD, se tivéssemos fraquejado e tivéssemos seguido o caminho para que nos queriam empurrar? Seguramente onde outros estão agora, e o PS estaria provavelmente sentado numa maioria absoluta”, afirmou.

Rio voltou a defender o posicionamento do PSD ao centro, como escreveu na moção de estratégia global “Portugal ao Centro”.

Uma coisa é o PSD conseguir ser o líder de uma opção à direita da maioria de esquerda que nos tem governado, outra, completamente diferente, é sermos nós próprios a direita”, avisou, considerado que o crescimento do PSD depende de conseguir atrair vontades do PS que "não se reveem na geringonça" ou se têm abstido.

Para Rio, “deslocar o PSD para a direita é desvirtuar" os seus princípios e valores e "afunilar eleitoralmente o partido, em direção a um espaço onde já não há nada praticamente a ganhar”.

Se o grande objetivo para os próximos dois anos de mandato à frente do PSD será chegar a dezembro de 2021 "com a implantação autárquica fortemente reforçada", o líder social-democrata não excluiu a antecipação do calendário das legislativas de 2023.

Não deixaremos de nos preparar para governar Portugal se as circunstâncias políticas assim o vierem a exigir", disse.

 Rui Rio voltou a alertar para os “sinais de degradação” que considera existirem no sistema partidário, apontando que Portugal não está imune a fenómenos que já aconteceram noutros países europeus.

Um partido não pode ser uma agência de empregos políticos, em que as suas estruturas se movimentam em função dos lugares que os seus dirigentes alcançar. Os diferentes posicionamentos dentro de um partido têm de ser ditados por genuínas diferenças de opinião e não divergências fabricadas, que apenas pretendem combater quem não nos deu o lugar que a ambição reclamava”, avisou.

Para o líder do PSD, o caminho passará pela dinamização do Conselho Estratégico Nacional (CEN) - órgão que revitalizou no primeiro mandato - em todo o território nacional.

O CEN terá de ser o embrião do contrato de confiança que o PSD, em tempo próprio, terá de estar capaz de assinar com os portugueses”, defendeu.

Para Rio, será “com a elevação intelectual da atividade partidária” que o PSD conseguirá conquistar os portugueses.

Não é com a discussão de lugares, nem com permanentes atitudes de guerrilha na comunicação social. Essas apenas nos diminuem, nunca nos engrandecem”, considerou.

 

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