Rui Rio: "Não me parece fácil que a legislatura vá até ao fim" - TVI

Rui Rio: "Não me parece fácil que a legislatura vá até ao fim"

Em entrevista à TVI, o líder do PSD foi questionado sobre o papel da oposição em tempos decisivos para o futuro do país, nomeadamente a aprovação do OE2021 e a gestão da pandemia de covid-19

O líder do PSD disse esta quarta-feira que acredita que a atual legislatura não chegará ao seu termo e que está mais próximo de vir a ser primeiro-ministro, lugar que admitiu não querer chegar de “qualquer maneira”.

Numa conversa conduzida pelo diretor de informação da TVI, Anselmo Crespo, e pelo editor de política do canal, Pedro Benevides, Rio foi questionado sobre o papel da oposição em tempos decisivos para o futuro do país.

A entrevista, transmitida no Jornal das 8, teve também como ponto fulcral o acordo de governação conseguido pelo PSD nos Açores e que implicou acordos de incidência parlamentar com o Chega e o Iniciativa Liberal.

A posição do PSD sobre o Orçamento de Estado para 2021 (OE2021) tem sido clara: o partido votou contra a proposta do Governo na generalidade.

Um orçamento desenhado pelo PS, com forte apoio do PCP e BE, como é que pode ser desenhado de acordo com o que o PSD faria?", começou por questionar.

Rio reiterou o voto contra do PSD na votação final do Orçamento do Estado e até admitiu que uma gestão em duodécimos poderia ser preferível a um documento "pior" do PCP e BE: "É um problema, mas deixe-me dizer que um Orçamento como está e como pode vir a sair da especialidade, não sei se não é pior”, afirmou.

O OE2021 para passar vai ter de ficar pior do que está agora", destacou.

Questionado então se considera preferível um cenário de eleições antecipadas, o líder do PSD fez questão de separar os planos, mas disse duvidar da estabilidade da legislatura.

Da maneira como estou a ver, não me parece fácil que a legislatura vá até ao fim”, afirmou, apontando divisões ao nível do apoio parlamentar e até no Governo.

Se não houver Orçamento, Rio remete as palavras de Costa, que afirmou que se demite “no dia em que necessitar do PSD para viabilizar um Orçamento”. E à pergunta se tal significa que se considera mais próximo de vir a ser primeiro-ministro, respondeu afirmativamente: "Sim, isso acho que sim”.

Não quero chegar a primeiro-ministro de qualquer maneira. Tenho de ter as condições possíveis para fazer o que tem de ser feito. Se ao longo deste tempo for prometendo o impossível, quando chegar a primeiro-ministro já estou diminuído”, disse.

Rio não dá cheque em branco para Estados de Emergência

Num momento em que o Parlamento se prepara para votar a eventual renovação do estado de emergência, Rui Rio foi interrogado sobre qual o papel da oposição em tempos decisivos para o futuro do país.

O atual período de 15 dias de estado de emergência, que foi aprovado no parlamento com votos a favor de PS, PSD e CDS-PP, abstenções de BE, PAN e Chega e votos contra de PCP, PEV e Iniciativa Liberal, termina às 23:59 da próxima segunda-feira, 23 de novembro.

Neste momento, Rio diz manter intacta a cooperação e a ajuda, mas critica a atuação, onde o Governo “fez mal”: "A crítica ajuda o Governo a fazer melhor”

Por outro lado, não dá um cheque em branco nas renovações do estado de emergência, mas "se o país precisa de um quadro legal , só no limite é que não vou dar as condições".

Então não vou dar ao Governo as condições para combater a pandemia?", questionou.

Ao ser questionado sobre o que faria de diferente, o líder do PSD voltou a criticar a atuação do Governo na preparação para a segunda vaga da pandemia, questionando “porque não negociou mais cedo com os privados ou o setor social”. Por outro lado, pedir a demissão da ministra da Saúde, Marta Temido.

O primeiro-ministro é que sabe se mete ou tira ministros, é o responsável número um do Governo”, disse.

Na mesma linha, o líder do PSD disse fazer uma “avaliação negativa” da Direção Geral da Saúde, mas recusou personalizar as críticas na diretora-geral Graça Freitas.

Realização do Congresso do PCP é "um tiro no pé"

O líder do PSD foi questionado se impediria a realização do Congresso do PCP (que se realizará entre 27 e 29 de novembro, em Loures) caso fosse primeiro-ministro.

Obviamente (…) o Governo está a dizer que as regras são iguais para todos, menos para o PCP. Isto pode levar a uma coisa muito perigosa que é as pessoas perderem o respeito ao Governo”, alertou, considerando que será “um tiro no pé” a realização deste congresso.

O regime legal do estado de sítio e do estado de emergência estabelece que "as reuniões dos órgãos estatutários dos partidos políticos, sindicatos e associações profissionais não serão em caso algum proibidas, dissolvidas ou submetidas a autorização prévia".

Rui Rio sublinhou que o PSD/Madeira adiou o seu Congresso, que o PSD nacional pretendia realizar um congresso de revisão estatutária, mas agora “nem pensa nisso”, e que até o PS tem a realização do seu Congresso suspensa, ainda sem data.

O PCP é prepotente, numa atitude de faço e faço mesmo. Quem tem de arbitrar isto é o Governo e o Presidente da República”, afirmou.

Portugal contabiliza pelo menos 3.632 mortos associados à covid-19 em 236.015 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim da Direção-Geral da Saúde (DGS).

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