PCP acusa Rio de "má-fé" e "desonestidade" por causa de comentário sobre Festa do Avante! - TVI

PCP acusa Rio de "má-fé" e "desonestidade" por causa de comentário sobre Festa do Avante!

  • .
  • LF
  • 13 ago 2020, 11:51
Preparativos para a Festa do Avante!

Em causa está a lotação do evento, que o presidente do PSD comparou à de um estádio de futebol. CDS acusa Governo de “empurrar com a barriga e fechar os olhos”

O PCP acusou esta quinta-feira o presidente do PSD de desonestidade política, em reação a um comentário de Rui Rio sobre a lotação da Festa do Avante!, comparando-a à de um estádio de futebol e pedindo "coerência".

Há afirmações tão ridículas que só podem assentar numa aversão sem limites ao PCP e à sua luta pelos direitos dos trabalhadores e do povo”, respondeu o PCP, em nota divulgada pelo gabinete de imprensa comunista.

Na rede social Twitter, Rui Rio tinha afirmado na quarta-feira à noite aguardar “com expectativa qual será a anunciada redução que o Governo irá fazer” da lotação da Festa do Avante!, “em coerência com a sua obrigação de defesa da saúde pública”.

É que, sublinhou Rio, “se reduzirem a lotação máxima (100.000 pessoas) em 50%, ela passará a corresponder ao Estádio do Porto ou do Sporting completamente cheios”.

Para o PCP, “comparar lotações de estádios de futebol, fingindo ignorar a diferença de área desses espaços com o terreno da Festa do Avante!, que é cerca de 20 vezes maior, só pode ser compreendido por ma-fé e desonestidade política subjacentes aos tiques da conhecida intolerância democrática desta pessoa”.

Devido à pandemia de Covid-19, as últimas 10 jornadas da I Liga portuguesa de futebol foram disputadas sem público nas bancadas, tal como têm decorrido todas as competições desportivas entretanto realizadas.

Desde quarta-feira e até 23 de agosto está a ser disputada em Lisboa a ‘final a oito’ da Liga dos Campeões de futebol, também sem adeptos nos estádios.

Atualmente, apenas está prevista a presença de público, decorrendo a venda de bilhetes, para os Grandes Prémios de Portugal de Fórmula 1 e MotoGP, a disputar no Autódromo Internacional do Algarve, em Portimão, nos dias 25 de outubro e 22 de novembro, respetivamente.

Na quarta-feira, a ministra da Saúde, Marta Temido, defendeu que a lotação da Festa do Avante!, organizada pelo PCP, terá este ano que ser inferior à capacidade máxima de 100 mil pessoas do recinto no Seixal, por causa da Covid-19.

É evidente que estamos a falar, teremos que falar de outros números”, declarou Marta Temido na conferência de imprensa de acompanhamento da pandemia, acrescentando: “compreendo que se fale de um número de 100 mil, na medida do que será a licença de utilização, mas estamos num momento específico, num contexto específico”.

A ministra assegurou que à organização da Festa do Avante! "não será permitido o que está proibido, nem proibido o que está permitido” e que “não haverá exceções” às regras adotadas pelas autoridades de saúde para conter o contágio pelo novo coronavírus.

Na organização da Festa do Avante!, este ano entre 4 e 6 de setembro, no Seixal, e que é uma iniciativa política que inclui tradicionalmente concertos, exposições, debates, espaços de restauração e espaços de campismo para os espetadores, tem havido reuniões de responsáveis do PCP com técnicos da Direção-geral da Saúde.

Na conferência de imprensa de apresentação da Festa do Avante! deste ano, no passado dia 4, o principal responsável da organização, Alexandre Araújo, garantiu que serão cumpridas escrupulosamente as regras de distanciamento e higiene impostos pelas autoridades.

O dirigente do PCP confirmou que a venda de bebidas alcoólicas, por exemplo, vai respeitar “legislação e regras em vigor”, pois “neste momento é proibida a sua venda depois das 20:00, à exceção de estabelecimentos de restauração”, e será isso que se vai passar nas quintas da Atalaia e do Cabo da Marinha, Amora, Seixal, entre 4 e 6 de setembro.

Contudo, evitou adiantar números de bilhetes já vendidos, qualquer previsão de visitantes ou esclarecer se vai haver um limite à entrada de pessoas no recinto, cuja lotação máxima é de 100 mil pessoas.

CDS acusa Governo de “empurrar com a barriga e fechar os olhos” ao evento

O líder parlamentar do CDS-PP criticou hoje a postura do Governo em relação à realização da Festa do Avante!, acusando o executivo de “empurrar com a barriga e fechar os olhos”, e instou o Presidente da República a pronunciar-se.

Em declarações à agência Lusa, Telmo Correia considerou que “A Festa do Avante! não é só um festival político com mais de cinco mil pessoas, a Festa do Avante!, convém lembrá-lo, é a maior máquina financiadora e branqueadora do financiamento do PCP”, na qual o partido “obtém financiamento com regras diferentes daquelas que são aplicáveis a todos os outros partidos e as receitas tornam-se obviamente incontroláveis”.

E por isso mesmo esta festa tem a importância que tem para o Partido Comunista Português e o Governo, na sua cumplicidade, numa lógica de amiguismo com um partido que tem sido apoiante do Governo, está a empurrar com a barriga e a fechar os olhos”, criticou.

Telmo Correia destacou igualmente que seria importante saber se o Presidente da República “terá ou não opinião”, uma vez que esta é “obviamente uma questão de interesse nacional”.

O líder parlamentar democrata-cristão defendeu igualmente que é necessário saber “se há ou não portugueses que não tenham de cumprir com essa regras ou para quem as regras sejam diferentes de todos os outros” quando existem limitações para “tantos jovens que gostariam de ter festivais de verão” e numa altura em que “os portugueses que estão a cumprir exemplarmente com as regras”.

Na ótica do CDS, o executivo liderado pelo socialista António Costa está a “permitir a uns o que proibiu a todos os outros”, e Telmo Correia lembrou que os jogos finais da Liga dos Campeões estão a decorrer em Lisboa sem a presença de público dos estádios.

O líder parlamentar lembrou que em 11 de maio o CDS dirigiu ao primeiro-ministro um requerimento sobre a realização da Festa do Avante! quando os festivais de música foram cancelados, devido à pandemia, mas não obteve resposta.

Por isso, o partido vai hoje entregar na Assembleia da República um novo requerimento sobre este assunto, perguntando “como é possível, estando proibidos todos os festivais, que este seja autorizado, e exigindo ao Governo que cumpra as suas obrigações legais, de responder a um requerimento”.

Continue a ler esta notícia