Marinho Pinto: salário de 4800 euros «não dá para muito» - TVI

Marinho Pinto: salário de 4800 euros «não dá para muito»

Marinho Pinto [LUSA]

Eurodeputado, em entrevista à Renascença, diz que a quantia não permite padrões de vida muito elevados em Lisboa

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Marinho Pinto afirmou, esta terça-feira, que os deputados recebem pouco e não devem ganhar menos que os dez salários mínimos do bastonário da Ordem dos Advogados, ou seja 4.800 euros líquidos. Em entrevista à rádio Renascença, o eurodeputado sublinha que o salário de 3.515 euros brutos que os deputados ganham atualmente «não é digno» e defende que, ainda que ganhassem os tais 4.800 euros líquidos, essa quantia «não permite padrões de vida muito elevados em Lisboa».

«Em Portugal [os deputados] ganham pouco, é quase cinco vezes menos que um deputado europeu. Não é digno. Digo-o perfeitamente. Assim como digo que o salário de 18 mil euros [dos eurodeputados] é obsceno, este [o dos deputados] é indigno», afirmou Marinho Pinto, antes de acrescentar que não só os deputados: «Os órgãos de soberania em Portugal são mal remunerados, a começar no Presidente da República e a acabar nos juízes».

Sublinhando que não lhe compete dizer se um deputado deve ganhar mais do que um bastonário da Ordem dos Advogados, Marinho Pinto referiu que os dez salários mínimos só são dignos para quem viva em Lisboa e defendeu que o Parlamento português tem que encontrar rapidamente uma remuneração condigna para a função de legislador.

«Para quem vivia em Lisboa, sim. Acho que [4.800 euros líquidos] não permite grandes coisas. Não permite ter padrões de vida muito elevados em Lisboa, fora de casa, quando deixa de exercer a profissão. Eu ganhava mais quando exercia a profissão, bem mais. Mostrei documentos na campanha eleitoral. As minhas declarações de IRS eram muito superiores quando era um simples advogado e jornalista», revela.

Na mesma entrevista, Marinho Pinto diz ser um homem de esquerda, mas considera que essas distinções não existem hoje em Portugal. Para o eurodeputado, um partido, para ser viável, tem de ser nacional para resolver problemas nacionais, aberto à sociedade e à pluralidade portuguesa. «Lisboa não é o mesmo que Trás-os-Montes. O Minho não é o mesmo que os Açores. É preciso ter o contributo de todos e não ser fechado num núcleo», realçou, para dizer que esse não é o caso do MPT.

Marinho denuncia que o Movimento Partido da Terra (MPT), pelo qual foi eleito eurodeputado, está ao serviço dos dirigentes e não tem a dimensão nacional de que precisa para concretizar as suas ideias. E diz ser «difícil» fazer «entendimentos políticos» com António Costa, responsável por um «tumulto no PS».

Marinho Pinto cita mesmo Margaret Thatcher, figura pouco apreciada à esquerda. «Eu defendo que em política devemos dar um novo conteúdo àquela célebre frase de Margaret Thatcher, nos anos 80: "Back to basics". Voltar às bases da República e do republicanismo», conclui.
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