Numa noite que se previa "quente", depois de uma tarde passada entre estudantes numa tertúlia morna, o discurso, quer do candidato, quer do ministro, acabou por começar também ele morno.
Sampaio da Novoa recebido com casa cheia na Galeria de Paris, no Porto #campanhatvi24 pic.twitter.com/rhrWTvqKHZ
— Andreia Miranda (@mirandandreia) 15 janeiro 2016
No entanto, rapidamente subiu o tom e as críticas começaram pela voz de Augusto Santos Silva e tiveram como alvo o adversário principal de Nóvoa: Marcelo Rebelo de Sousa. O ministro quis deixar bem claro que esta campanha não é para ver "quem entra mais à vontade nos cafés ou nas pastelarias", mas sim para avaliar "o mérito dos que se candidatam percebendo o que pensam do mundo, do país, do tempo em que vivemos".
Augusto Santos Silva (Foto: Lusa/Estela Silva)
Mérito esse que Santos Silva apenas vê em Sampaio da Nóvoa, não só por causa do respeito e amizade que tem para com ele, mas sim por causa da "confiança" que deposita naquele que, para si, é a melhor pessoa para o cargo de chefe de Estado.
"O que está em causa é saber em quem confio mais para o exercício neste momento, nestas circunstâncias, neste tempo, do cargo de Presidente da República. E aí não tenho nenhuma hesitação: eu confio em António Sampaio da Nóvoa".
Um presidente cidadão
Tempo de recordar o percurso do antigo reitor da Universidade de Lisboa, o ministro quis lembrar que a vida política portuguesa "precisa de mais percursos" como os de Nóvoa, uma vez que o país precisa "de mais cidadania e não de menos cidadania, de gente que vem de fora para dentro da política".
"Que mal tem uma pessoa trabalhar, ter profissão, intervenção cívica, e entender que é sua obrigação de cidadania candidatar-se a Presidente da República? Que mal tem isso?"
Para os presentes "nenhum", como se ouviu em algumas das mesas. Mal mesmo, só o facto de não saberem o que Marcelo Rebelo de Sousa pensa todos os dias, coisa que, para Santos Silva garantiu que só sabe com Nóvoa.
"Eu sei o que ele pensa à segunda-feira, à terça-feira, à quarta-feira, à quinta-feira, à sexta-feira, ao sábado e ao domingo".
Pegando no elogio do amigo socialista, Sampaio da Nóvoa subiu a palco para reforçar a ideia já avançada nesta noite de sexta-feira e apresentou um novo lema da campanha: um presidente cidadão.
Para o candidato presidencial, o facto de qualquer pessoa poder vir a tornar-se político "não é diminuir a política", mas sim "contribuir, modestamente, para a sua renovação e engrandecimento".
"Como professor que fui toda a vida, acho humildemente que posso trazer algo à política".
"10 anos é muito tempo. 20 anos é tempo demais"
Que Sampaio da Nóvoa tem os "selos de qualidade" de Ramalho Eanes, Jorge Sampaio e Mário Soares já se sabe, tal como a aprovação de Jorge Lacão e Capoulas dos Santos. Ao sexto dia de campanha, o candidato viu a aprovação de Santos Silva ser reafirmada e usou esse voto de confiança para disparar baterias em direção do atual presidente da República.
Pegando nos últimos 10 anos de mandato de Cavaco Silva, Sampaio da Nóvoa decidiu comparar esta década aos mandatos dos três presidentes que o acompanham e acabou a apelidar o ainda presidente da República de "agente perturbador da vontade dos cidadãos".
"Comparem o prestígio que tinha a presidência com o que tem agora. Há verdadeiramente um antes e um depois".
Para Nóvoa, um mandato como o de Cavaco Silva não pode ter lugar nestas eleições uma vez que entregar "durante 20 anos a Presidência a uma linha política que a conduziu aos seus piores momentos", sendo um deles a falta de contacto com a população, ilustrado com o exemplo da tragédia da Figueira da Foz.
"Acusam-me de ser vago quando prometo ser um Presidente próximo das pessoas. Não há nada como explicar aqui, numa zona que sabe pela dor pesada da experiência o que é a vida dura dos pescadores, o que quero dizer com proximidade. Ouvi a voz de revolta dos pescadores e a sua mágoa sentida por, no meio de tanta dor e sofrimento, não terem recebido um telegrama, uma mensagem ou uma demonstração de simpatia por parte do atual Presidente. Nem um telefonema".
"Uma Presidência de proximidade nunca se esquece das pessoas" e por isso mesmo, para o candidato, dez anos deste tipo de mandato já chegam.
"Dez anos é muito tempo. Vinte anos é tempo a mais".
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