"Onde estava Marcelo a 25 de abril de 1974?" - TVI

"Onde estava Marcelo a 25 de abril de 1974?"

Primeiro dia de campanha de Sampaio da Nóvoa ficou marcado pelo ataque ao principal opositor. Na Beira Alta, o candidato presidencial voltou a deixar o aviso: nada está ganho e "a segunda volta é para ganhar"

"Campanha molhada, campanha abençoada", O ditado não é assim, mas António Sampaio da Nóvoa decidiu adaptá-lo ao primeiro dia de campanha para as eleições presidenciais de 24 de janeiro que ficou marcado não só pelo constante ataque a Marcelo Rebelo de Sousa, como pela chuva que colocou o país em alerta.

Depois de Seia e Guarda, o candidato presidencial rumou a Mangualde para inaugurar a sede de campanha da cidade, onde foi recebido pelo grupo de cantares "Mal-Amados".

"Não.... 'Bem-Amados' foi o nome que me disseram", brincou Sampaio da Nóvoa, para quem "mal-amados" são apenas os seus opositores, alvo das alfinetadas que preencheram os discursos dos vários mandatários ao longo do dia.


Se na Guarda, os apoiantes ajudaram o candidato a lembrar que as eleições de dia 24 de janeiro não são "um concurso de popularidade fora da democracia", em Viseu o ataque subiu de tom com o General Ferreira do Amaral, mandatário distrital, a acusar Marcelo Rebelo de Sousa de ser "intriguista" e de ser "animador de serões de domingo".
 

"É uma no cravo e outra na ferradura. Está bem com Deus e com o demónio.”


O mandatário para o distrito de Viseu, acusou ainda Marcelo de ter "desprezado centenas de milhares de compatriotas" que participaram na Guerra Colonial ao não cumprir o serviço militar obrigatório, em 1974, questionando mesmo "onde estava Marcelo Rebelo de Sousa a 25 de abril de 1974".
 

"Faço a pergunta e respondo: devia estar no cumprimento do serviço militar obrigatório, mas tal não sucedeu, incumprindo a lei militar. A atitude moral é ainda mais condenável porque quem era o ministro do Ultramar nesse momento era o seu próprio pai [Baltasar Rebelo de Sousa]".


Mas as críticas não se ficaram por aqui, com o general Ferreira do Amaral a acusar Marcelo de não ser solidário, a não ser com Ricardo Salgado - "a solidariedade é um valor que Marcelo recusa permanentemente" - enquanto a mandatária nacional, Elza Pais optou por voltar a lembrar o "diz que não disse" de Marcelo e que este não é o homem que Portugal "quer na Presidência da República". 

"Marcelo Rebelo de Sousa defendeu em 1998, quando se fez o referendo pela descriminalização da interrupção voluntária da gravidez, que as mulheres continuassem a ser criminalizadas. Mas em 2007, veio dizer que nunca quis ver uma mulher na prisão. Ou seja, diz uma coisa quando lhe convém e diz outra quando lhe deixa de convir"
 

Os quatro D's de Nóvoa


Sampaio da Nóvoa encerrou o primeiro dia da campanha afirmando que o candidato que é representa o presidente que será. Sob uma forte chuva de aplausos, que abafou por momentos o barulho do aguaceiro forte que se abatia sob Viseu, o antigo reitor explicou os quatro D’s que pretende combater caso seja eleito presidente da República: desigualdades, desemprego, despovoamento e desperdício

Lembrando que Portugal é hoje “um país mais desigual do que há quatro anos”, Sampaio da Nóvoa anunciou que quer construir "um país que se mobilize contra as desigualdades"para combater o problema "central no Portugal do século XXI". Também a luta contra o despovoamento irá merecer especial atenção para o candidato que escolheu a Beira Alta para dar o pontapé de saída da sua campanha.
 

“Não há país do século XXI que possa tratar de forma tão diferente as suas regiões"


As duas outras lutas prendem-se com o desemprego - "um dos dramas maiores dos últimos anos" - e o desperdício. Para Nóvoa, Portugal não sabe aproveitar os jovens que forma e está a gastar dinheiro na sua formação para depois os "enviar para o estrangeiro" e ajudar outros países - os mais desenvolvidos da Europa - a desenvolverem-se.

Em discurso direto, o antigo reitor da Universidade de Lisboa voltou a afirmar que até dia 24 de janeiro nada está ganho e que "a segunda volta é para ganhar". 

"Cavaquistão encerra definitivamente em março próximo", afirmou mesmo Correia de Campos, mandatário de Sampaio da Nóvoa, para quem Viseu deixou de ser a terra do PSD e que faz lembrar as maiorias absolutas de Cavaco Silva, em 91 e 95, quando o então primeiro-ministro somava vitórias retumbantes no distrito.
 

"O Cavaquismo mordeu para dentro, encolheu, implodiu. Mas aqui em Viseu, a terra onde ele foi crismado, há muito já não consta dos mapas. Foi vencido pela desconfiança e resiliência dos beirões"


A campanha de Sampaio da Nóvoa encerrou o primeiro dia com a atuação de vários artistas locais para as cerca de 600 pessoas que jantaram com o candidato em Viseu. O segundo dia da campanha tem início em Espinho, com uma visita à Feira de Espinho.

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