Esta crítica foi feita pela vice-presidente da bancada socialista Sónia Fertuzinhos, no parlamento, após sete chefes da equipa do serviço de urgência do Hospital Garcia de Orta terem apresentado na segunda-feira a sua demissão, justificando a decisão com a degradação das condições de trabalho e também com a excessiva lotação de doentes internados.
«Hoje o Serviço Nacional de Saúde (SNS) viveu mais um dia de intranquilidade com tudo o que se passou num dos maiores hospitais da Área Metropolitana de Lisboa e até do próprio país. Não pode continuar esta atitude de negação do ministro da Saúde, que todos os dias tenta convencer os portugueses de que tudo está normal e de que o SNS está sem problemas, mas que todos os dias é desmentido pela realidade», advertiu a vice-presidente do Grupo Parlamentar do PS.
Sónia Fertuzinhos referiu depois a «preocupação» do PS face à atual situação do setor da saúde em Portugal, alegando que a atitude do Governo, além de ser de «negação», vai no sentido de «correr atrás dos problemas».
«O ministro da Saúde não consegue prevenir os problemas e só quando os problemas explodem é que aparecem as medidas para tentar resolvê-los. A saúde não é compatível nem com intranquilidade, nem com remendos, nem com respostas tardias, nem ainda com a negação da realidade. Isto gera um clima absolutamente insustentável», sustentou a vice-presidente da bancada socialista.
Sónia Fertuzinhos salientou ainda que o ministro da Saúde estará em breve na Assembleia da República, pela segunda vez «em pouco tempo, para responder novamente sobre a situação que se verifica nos serviços de urgências», cita a Lusa.
«Há duas semanas, em plenário, durante um debate requerido pelo PS, o ministro da Saúde disse que estava tudo normal e que era o PS quem estava a ser alarmista. Mas infelizmente não é o PS quem é alarmista. A situação atual na saúde é todos os dias denunciada pelos sindicatos [do setor], pelas respetivas ordens profissionais e os portugueses constatam-na todos os dias», advogou a deputada socialista.
O PCP afina pelo mesmo diapasão. O líder comunista afirmou que «a gripe e o frio têm costas largas» para o Governo, referindo-se à situação do setor da saúde e aos problemas registados nas urgências hospitalares.
«Para o Governo, a gripe e o frio têm as costas largas quando o problema é de fundo. Hoje, de facto, os portugueses estão piores, a viverem situações muito dramáticas. Podemos dizer que muitos têm uma morte prematura, precisamente pela falta de cuidados primários de saúde e a sobrecarga dos serviços hospitalares, com as consequências que se tem vindo a conhecer», afirmou Jerónimo de Sousa.
O grupo parlamentar do PCP já convocou o ministro da Saúde para uma audiência urgente.