Renegociar défice de 4 para 4,5% «pode não ser suficiente» - TVI

Renegociar défice de 4 para 4,5% «pode não ser suficiente»

Seguro [Lusa]

Líder do PS diz que a sua «grande divergência com o primeiro-ministro» é que Passos Coelho pôs em primeiro lugar as finanças públicas, deixado a economia em plano secundário

O secretário-geral do PS, António José Seguro, disse que renegociar o défice orçamental previsto para 2014 em meio ponto percentual, de 4 para 4,5%, como pretende o Governo, «pode não ser suficiente».

«Há tanto tempo que eu tenho vindo a defender que é preciso renegociar e que é preciso mais tempo para nós cumprirmos com as nossas obrigações», salientou o líder socialista, à margem da apresentação pública do candidato do PS à Câmara local, Marcos Martins.

«Na altura, o que é que o primeiro-ministro me respondia sempre? Isso era impossível. Pois bem, aqui está a prova de que isso é possível», observou Seguro.

O líder do PS espera que «possa haver uma boa negociação» desse objetivo, porque «não pode haver renegociação para manter a mesma austeridade».

«Tem de haver uma renegociação para aliviar os sacrifícios dos portugueses e não para tapar os erros do Governo», afirmou.

Mais adiante, insistiu que «se é exclusivamente para resolver um problema do Governo, então isso é pouco».

A renegociação segundo Seguro deve ser para «cuidar melhor» da economia portuguesa e para «dar prioridade ao emprego, apoiando as pequenas e médias empresas».

O líder socialista defendeu também «uma relação direta entre a redução do défice e a evolução da economia».

O secretário-geral do PS reafirmou que a prioridade socialista é «o emprego», porque o país tem «cerca de um milhão de desempregados» e vive uma situação de «enorme tragédia social».

António José Seguro mostrou-se favorável ao «aumento do salário mínimo» nacional e das pensões mais baixas, como forma de aumentar também o rendimento disponível das famílias e fazer crescer o consumo.

Seguro falava na apresentação da candidatura de Joaquim Couto à Câmara Municipal de Santo Tirso, uma autarquia que o candidato, aliás, dirigiu durante 17 anos, até 1999, tendo então saído e sido substituído por Castro Fernandes, igualmente socialista.

Seguro disse ainda que a sua «grande divergência com o primeiro-ministro» é que Passos Coelho pôs em primeiro lugar as finanças públicas, deixado a economia em plano secundário.

«Podemos tratar das finanças públicas ao mesmo tempo que da economia, dando sempre prioridade a esta, porque são as finanças públicas que têm de estar ao serviço da economia» e não o contrário, sustentou.

«Teríamos poupado muitos sacrifícios aos portugueses», acrescentou.

É por isso que «hoje é necessário apoiarmos as empresas, para que elas continuem a trabalhar, para preservar os seus postos de trabalhos e criar, se possível, mais emprego».

Mas, simultaneamente, importa «garantir aos portugueses um rendimentos» para as suas necessidades.

O líder socialista referiu que «o investimento público caiu mais de 25% nos últimos dois anos, mas o país tem à sua disposição fundos comunitários» que podiam ser canalizados para a economia, por exemplo, para projetos de reabilitação urbana.

Seguro defendeu que é preciso «ajudar a dinamizar o investimento privado», o que em sua opinião pode ser conhecido através de «um crédito fiscal» dirigidos às empresas utilizem os seus lucros nelas.

Também disse que «o Estado não pode reter reembolsos, designadamente do IVA a essas empresas» para lá do prazo determinado.
Continue a ler esta notícia

EM DESTAQUE