«Havia muitas queixas de controlo político [no tempo de Cavaco]» - TVI

«Havia muitas queixas de controlo político [no tempo de Cavaco]»

Comício do PS em Braga

José Sócrates fala dos assuntos do momento a uma semana das eleições

O «Diário de Notícias» entrevistou o secretário-geral do Partido Socialista a uma semana das eleições legislativas. São seis páginas em que José Sócrates fala do seu programa, da oposição e dos casos que têm marcado a campanha. Quanto às acusações de asfixia democrática, fala do que sucedeu no passado com o PSD.

«Procurei sempre ter uma relação respeitosa e até distante com a comunicação social porque entendo que essa situação é importante para os políticos e para o trabalho dos jornalistas. O que gostava de saber é se com outros governos sentiram um clima diferente. Lembro-me bem do tempo em que só havia uma televisão!», frisou, recordando:

«Havia um primeiro-ministro e havia só uma televisão pública, com muitas queixas de controlo político. Depois vieram as televisões privadas e fizeram do nosso espaço público um lugar de maior liberdade e diversidade. Na altura havia muitas queixas. Inclusivamente do Presidente da República, Mário Soares, por dominação e controlo da RTP.»

Em relação à oposição, José Sócrates considera que as diferenças entre o PS e o PSD estão bem explícitas. «No fim dos debates na televisão e de campanha eleitoral, já ninguém diz que PS e PSD são a mesma coisa. Diferimos desde logo na atitude - enquanto a nossa é de confiança, a do PSD é de negativismo e de quem não quer fazer propostas, de andar para a frente, mas ficar parado», vincou.



Em relação à questão do TGV, considera que o que está em causa é uma questão de «credibilidade»: «Saber se alguém que esteve numa cimeira com outro país e assinou um documento a dizer que ia fazer quatro linhas pode agora, na oposição, dizer que não faz nenhuma e as suspende! Depois de ter negociado com Bruxelas! E a questão também é saber se num debate político podemos, de forma propositada, invocar o sentimento serôdio antiespanhol! Uma invocação imprópria da democracia.»

Sobre as escutas, o mínimo comentário possível. «Já classifiquei esse incidente como um disparate de Verão. E não quero ir mais além», referiu, concluindo: «Já disse o que tinha a dizer sobre esta matéria. Li com atenção e com surpresa, mas este não é o momento para comentários.»

Uma última palavra sobre a asfixia democrática: «Quanto olhamos à volta vemos a liberdade de falar e de escrever em todo o lado. (...) Parece-me é que o PSD fala de asfixia democrática porque está na oposição e fica com falta de ar nesse lugar. Se fosse para o poder, terminava a asfixia democrática.»
Continue a ler esta notícia