«Julgo que o Governo devia adotar, a título excecional e enquanto durar este período da epidemia, uma medida extraordinária que incentive as populações a utilizares as urgências do centro de saúde, que é a suspensão da cobrança de taxa moderadora, exclusivamente para situações de doença aguda. Portanto, não é a suspensão das taxas moderadoras para a utilização normal e programada dos centros de saúde»
Criticando o «desinvestimento cego e os cortes cegos» no setores fundamentais da sociedade,como a saúde, por parte do atual Governo e a situação «muito grave» que o país, António Costa disse, em conferência de imprensa, que é necessário tomar medidas que visem «atenuar, em situação de contingência que vamos viver nas próximas semanas».
«É fundamental que a Direção Geral de Saúde que reforce a informação às populações sobre os cuidados preventivos que todos temos de tomar, para diminuir o risco de que esta epidemia possa ter consequências mais graves», assinalou, depois de ter recebido o bastonário da Ordem dos Médicos, José Manuel Silva.
Ao mesmo tempo, «é fundamental criar condições para que se possa descongestionar a pressão sobre as urgências, aumentando as condições de funcionamento dos centros de saúde». Para além da suspensão de cobrança das taxas moderadoras, «conclui-se necessário generalizar em todo o país os períodos de abertura dos centros de saúde e criar condições para que mais médicos possam fazer atendimento nos centros de saúde», segundo António Costa.
No final do encontro com o líder do PS, o bastonário da Ordem dos Médicos disse que a reunião a convite do partido foi «muito importante». «Atravessa-se um período difícil» na saúde, consequência dos cortes que foram «além» do acordado com a troika, mas também da «diminuição dos apoios sociais» à população.
«Os nossos idosos são particularmente frágeis, vivem sozinhos e passam mais frio do que os outros idosos dos outros países europeus»
José Manuel Silva criticou a falta de planeamento para que o sistema pudesse estar preparado para responder aos casos de gripe.
Tanto a Ordem dos Médicos, como a Ordem dos Enfermeiros têm «insistido», recordou, que não deviam ter sido feitos tantos cortes na saúde.«Estamos a viver uma situação grave, que devia ter sido prevista e é evidente que não é possível, quando a catástrofe está a acontecer começar a discutir um plano de catástrofe»
O Ministério Público está a investigar os casos dos doentes que morreram nas urgências de três hospitais nacionais, S. José, em Lisboa, bem como os hospitais de Peniche e Santa Maria da Feira. Já morreram pelo menos oito pessoas em urgências hospitalares.
Só nas duas primeiras semanas do ano, registaram-se mais mil mortes do que o esperado, por causa da gripe. E. segundo o último Boletim de Vigilância Epidemiológica da Gripe, um terço dos casos detetados na terceira semana de janeiro pertencem a um vírus que inclui estirpes diferentes daquela que consta nas vacinas administradas nesta época.
O Governo nega que exista «emergência ou caos generalizado» por causa da gripe.