O ministro dos Negócios Estrangeiros negou esta sexta-feira na TVI24 que a embaixada portuguesa na capital do Paquistão esteja a falhar na resposta aos contactos feitos. Augusto Santos Silva afirma que a embaixada em Islamabad não atende presencialmente, mas que responde às chamadas. Isto depois depois de declarações do diretor-executivo da Amnistia Internacional em Portugal, Pedro Neto, que disse à TSF que tem recebido queixas relativas à representação portuguesa, nomeadamente na entrega de vistos humanitários a refugiados do Afeganistão.
O governante refere que Portugal já recebeu 227 refugiados afegãos, algo que, segundo o próprio, só é possível pela relação com as várias organizações internacionais. O que está em causa, explica o ministro, é uma verificação de segurança dos vistos requeridos.
Ainda assim, Augusto Santos Silva admite que existam "problemas de contacto", lembrando a difícil situação de pessoas que "correm risco iminente".
Sobre a receção de refugiados vindos do Afeganistão, o ministro dos Negócios Estrangeiros indica que cerca de mil pessoas estão referenciadas para chegar a Portugal, em números que já contam com os que cá estão: "Do ponto de vista dos que já estão e daqueles que estão identificados, estamos a falar num número que se aproxima de um milhar".
Por agora, porque isto é dinâmico", esclareceu, lembrando que inicialmente estava previsto apenas o acolhimento de 50 pessoas.
O critério do Governo define-se de acordo com prioridades, que começaram nos portugueses que estavam no Afeganistão à altura da tomada de posse dos talibãs, a 15 de agosto.
A nossa prioridade eram os 20 cidadãos portugueses que estavam em Cabul, mais uma família luso-afegã", afirmou, acrescentando que a estes se seguiram os cidadãos afegãos que tinham prestado serviço às forças portuguesas no local.
A maioria destes foram trazidos via aeroporto de Cabul, mas o Estado português procura ainda forma de trazer algumas pessoas que possam ter ficado para trás.
O terceiro grupo prioritário foram as pessoas que trabalharam para organizações internacionais, como é o caso de funcionários e colaboradores da Organização das Nações Unidas.
O quarto grupo prioritário são as pessoas que estão mais em risco: as mulheres juristas, as desportistas, os ativistas de direitos humanos, os jornalistas...", disse, explicando que Portugal já recebeu pessoas destas demais classes profissionais.
Voltando à questão relacionada com a Amnistia Internacional, Augusto Santos Silva dirigiu-se diretamente a Pedro Neto, dizendo que o Governo procura as pessoas que estão a tentar estabelecer contacto.
Os talibãs tomaram Cabul a 15 de agosto, o que levou a uma retirada em massa de todo o Afeganistão. Até ao dia 31 de agosto deixaram o país mais de 120 mil pessoas, muitas delas em direção à Europa.