Vereador desmente isenção de 4,6 milhões ao Benfica - TVI

Vereador desmente isenção de 4,6 milhões ao Benfica

Estádio da Luz (Hugo Beleza)

Segundo Manuel Salgado, Helena Roseta fez mal as contas. Proposta ainda tem de passar pela Assembleia Municipal. BE já anunciou que a vai chumbar

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O vereador do Urbanismo em Lisboa afirmou esta terça-feira ser falso estar em discussão uma  isenção de 4,6 milhões de euros ao Benfica, valor apontado pela presidente da Assembleia Municipal e que o autarca considera decorrer de «um raciocínio pouco atento».

«Afirmou aos meios de comunicação social que "o vereador Manuel Salgado tem perfeita consciência de que a isenção de taxas e compensações urbanísticas […] é de 4,6 milhões de euros e não de 1,8 milhões". […] A sua afirmação é falsa», diz Manuel Salgado numa carta dirigida a Helena Roseta, divulgada no site da Assembleia Municipal.

O vereador acrescenta não ter corrigido o montante «pela simples razão de que esse valor não carece de correção» e alega que Helena Roseta somou «as taxas e compensações isentadas em 2012 (cerca de 2,2 milhões de euros) às taxas e compensações cuja isenção é agora requerida pelo Benfica (cerca de 2,4 milhões de euros)» e não considerou o «desconto» de 50% «que decorre diretamente da lei» e de que o Benfica beneficia por ter Estatuto de Pessoa Coletiva de Utilidade Pública.

A isenção de 2012 refere-se, segundo o autarca, a outras obras que não constam da atual proposta.
 

«Se eu não corrigi o valor que foi divulgado, foi porque esse valor (1.738.589,83 euros) corresponde efetivamente ao valor das taxas e compensações que o Benfica deverá ou não pagar ao município, consoante o órgão presidido por vossa excelência entenda que a operação em causa cai ou não no âmbito dos protocolos celebrados entre a Câmara Municipal de Lisboa e o Benfica em 1989 e 1995, ratificados pela Câmara e pela Assembleia Municipal em 2003».


A Câmara de Lisboa aprovou em fevereiro uma proposta para submeter à Assembleia Municipal «a isenção do pagamento da Taxa TRIU [taxa pela realização, manutenção e reforço de infraestruturas urbanísticas] e da compensação urbanística», solicitada pelo Benfica, por intervenções a realizar junto ao Estádio da Luz.

A proposta, que prevê a isenção em obras de ampliação a realizar no lote 14 da Avenida General Norton de Matos, por parte da Benfica Estádio-Construção e Gestão de Estádios, SA, foi aprovada com os votos contra da oposição no executivo municipal (de maioria socialista) - PSD, CDS-PP e PCP - e de uma vereadora do movimento Cidadãos por Lisboa (eleita nas listas do PS).

Na semana passada, a presidente da Assembleia Municipal de Lisboa defendeu que a isenção deve ser chumbada naquele órgão deliberativo «por força dos princípios da transparência e da legalidade». Num relatório enviado então aos grupos municipais, Helena Roseta refere que estão em causa cerca de 4,6 milhões euros, dos quais 2,6 milhões dizem respeito ao «montante da TRIU a liquidar pelo requerente» e o restante - cerca de dois milhões de euros - ao valor «total das compensações urbanísticas devidas».

Na carta, Manuel Salgado diz ainda que, «de acordo com os regulamentos em vigor, o cálculo da TRIU e das compensações urbanísticas correspondentes às construções que são objeto do pedido que o Benfica agora apresenta à Câmara Municipal corresponde a: para as áreas de comércio – TRIU (TRIU + compensações) 473 mil euros; para as áreas de serviços complementares à prática desportiva (TRIU + compensações) 1,9 milhões de euros; total cerca de 2,4 milhões de euros».

Para chegar aos cerca de 1,8 milhões de euros, o vereador recorda que «o Benfica goza desde 1960 de Estatuto de Pessoa Coletiva de Utilidade Pública e beneficia de uma redução de 50% em todas as taxas e compensações urbanísticas que realize, pelo que o montante total referido é automaticamente reduzido para metade».

À margem da Assembleia Municipal, Manuel Salgado explicou aos jornalistas que o «desconto» de 50% se aplica apenas à TRIU, ou seja, no caso das áreas de comércio aplica-se a 267 mil euros e, no das áreas de serviços complementares à prática desportiva, a 1,146 milhões de euros.

Apesar de a Câmara de Lisboa apresentar o valor de isenção com o «desconto» de 50%, o diretor municipal do Planeamento, Reabilitação e Gestão Urbanística, Jorge Catarino Tavares, esclareceu que o mesmo tem que ser requerido, algo que o Benfica não fez.

O clube entende, refere Manuel Salgado na carta, que «este pedido de isenção se enquadra nos protocolos» celebrados com a Câmara e que «deverá ficar totalmente isento do pagamento de quaisquer taxas e compensações urbanísticas».

O grupo municipal de Lisboa do Bloco de Esquerda (BE) anunciou esta terça-feira que irá chumbar a proposta sobre a isenção de taxas urbanísticas ao Benfica, que deverá ser votada este mês na Assembleia Municipal de Lisboa.

«O grupo municipal do BE desde já manifesta a sua inequívoca oposição à proposta n.º 54/2015 da Câmara Municipal de Lisboa, pelas razões de legalidade e mérito supraexpostas, anunciando o seu voto contrário à proposta em plenário», lê-se num comunicado entregue aos jornalistas na Assembleia Municipal de Lisboa.

O grupo municipal (com quatro deputados) dá conta de que «subscreve, na generalidade, o relatório e opinião da presidente da Assembleia Municipal de Lisboa».
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