30 anos sem Sá Carneiro e ainda tantas dúvidas - TVI

30 anos sem Sá Carneiro e ainda tantas dúvidas

  • tvi24
  • Joana Reis
  • 3 dez 2010, 21:00

Ainda há muitas dúvidas sobre o que realmente aconteceu na noite de 4 de Dezembro

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Este sábado assinalam-se trinta anos sobre a morte de Francisco Sá Carneiro. Ainda há muitas dúvidas sobre o que realmente aconteceu na noite de 4 de Dezembro, em Camarate, numa semana em que Freitas do Amaral reabriu o caso.

As imagens permanecem vivas na memória de muitos. «Fui, de facto, o primeiro repórter a chegar ao local. Foi um espectáculo medonho, porque não se conseguia distinguir quem estava dentro do avião. Só vim a descobrir mais tarde, quando regressei à RTP. Recordo que nessa altura não havia telemóveis, nem meios de comunicação como existem hoje em dia, e foi ao gabinete da administração e encontrei-a reunida com a direcção em ambiente pesaroso. Perguntei o que se passava e disseram-me que tinha morrido o primeiro-ministro e ministro da defesa. Então são estas as imagens que eu tenho aqui», conta Henrique Garcia, jornalista da TVI.

«Eu estava no Expresso a fechar o jornal. Era um dia muito quente, porque era o último dia da campanha presidencial e foi uma madrugada muito de choque, perplexidade, de não acreditar, de dor, porque todos eles eram amigos e vários deles muito amigos», recorda Marcelo Rebelo de Sousa.

O país vivia com intensidade a recta final da campanha para a Presidência da República. Eanes era o favorito nas sondagens, Sá Carneiro ia ao Porto num último esforço para dar força a Soares Carneiro. Ainda foi feito um último apelo num tempo de antena que já não chegou a ir para o ar.

À convicção inicial de acidente juntaram-se suspeitas de um atentado. Somaram-se comissões parlamentares de inquérito e muitas interrogações ficaram no ar, como revela Freitas do Amaral:

«O Estado português, sobretudo através do seu aparelho de investigação criminal, e em parte do Ministério Público e de alguns tribunais, não foi capaz de investigar a sério e de uma forma completa o caso de Camarate».

«Politicamente há muita coisa para apurar e Freitas do Amaral veio reabrir novamente a questão com o seu livro, que pode ser apurado em comissão parlamentar de inquérito ou por via administrativa, porque há grandes interrogações que ficam no ar. Aparentemente é uma intervenção de ET¿s, porque se não é crime, se não é acidente, não se percebe o que seja, mas sobretudo não sendo uma decisão final, é uma decisão para não levar a julgamento. Matar aquilo sem ir a julgamento», lamenta Marcelo Rebelo de Sousa.

Santana Lopes concorda: «Há vários elementos que levam as pessoas a estarem convencidas de que, de facto, algo de estranho e criminoso aconteceu naquela noite».

Trinta anos depois, o dossier não está fechado. E no parlamento há já quem admita nova comissão de inquérito a Camarate.
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