Entrevista à TVI: Ferreira Leite não diz adeus ao PSD - TVI

Entrevista à TVI: Ferreira Leite não diz adeus ao PSD

Social-democrata não fecha a porta a um chumbo do PEC e diz que prefere perder eleições do que enganar os leitores

A dois dias das eleições que vão escolher um líder social-democrata, Manuela Ferreira Leite deu a última grande entrevista à TVI. A «dama de ferro» portuguesa afirma que «teve razão» nas posições que adoptou e que isso é preferível a ganhar eleições «enganando os eleitores». A social-democrata não fecha a porta a um chumbo do PEC e revela ainda que «vai andar por aí», ou seja, não se vai «reformar» de política e vai assumir o seu lugar de deputada, «desde que haja uma cadeira».

«Digo que não me vou reformar da política, porque me vou manter em deputada. E como deputada participarei nos trabalhos que me quiserem atribuir», disse, ressalvando o balanço que faz do seu contributo: «Perdi eleições, mas tinha razão, o que é muito preferível do que ganhar eleições, enganando as pessoas», afirmou.

Ferreira Leite explicou o que significou não ter ganho as eleições legislativas. «Nunca defini esse ponto [ser primeira-ministra] como um ponto fundamental (...) Com certeza que lamento que não se tenha ganho. Mas isso não significa que objectivos, tais como: reforçar a credibilidade do partido, pô-lo como verdadeiramente um partido alternativo ao poder e além do mais, um ponto fundamental que eu defendi na campanha eleitoral, que foi levar à renovação do partido», não tenham sido cumpridos.

A ex-candidata a primeira-ministra considerou também que teve razão antes de tempo. «Não acho, tenho a certeza.

Serve-me para a minha consciência. Serve para pensar e ter a certeza que fiz aquilo que devia ter feito. E não tenho dúvida nenhumas que serve para que as pessoas percebam que o PSD, na devida altura, avisou exactamente o que se estava a passar e o que se ia passar».

Sobre o PEC, Manuela Ferreira Leite não fecha a porta a um chumbo, mas recusa revelar o sentido de voto da votação que ocorre já na próxima quinta-feira. «O PSD como o maior partido da oposição evidentemente que nunca fecha a porta a nenhum tipo de votação. Qualquer tipo de votação está sempre em cima da mesa, ou contra, ou a favor, ou a abster-se».

Ainda sobre o documento de estabilidade e as medidas adoptadas pelo Governo, que visam cortes duros para as famílias, nomeadamente, nos benefícios sociais, Ferreira Leite considera que a política do Governo «tornou inevitável, aquilo que é inaceitável». «O país está doente e o remédio em vez de o curar agrava-lhe a doença. A última coisa que nós devíamos fazer era aumentar impostos e no entanto, se calhar, são essenciais perante situação em que o país está (...) É como se estivéssemos a tratar um hipertenso com uma dieta de sal», exemplificou.

Ferreira Leite falou ainda sobre a sua ida e a de José Sócrates à comissão de inquérito sobre o negócio PT/TVI e assume que não tem provas «físicas» sobre a alegada mentira de Sócrates. «Com certeza que não tenho provas desse tipo. Provas físicas, com certeza que não são fáceis». A social-democrata não adianta o que deve acontecer se ficar provado que Sócrates mentiu, para não influenciar a comissão de inquérito, nem a próxima liderança do partido.

Ainda assim, a ex-candidata a primeira-ministra considera que Sócrates terá condições para governar até ao fim do mandato, apesar dos casos e das «políticas maléficas».

«Nunca passei por nenhum governo que tivesse tantos casos como este. Julgo que é inédito na nossa democracia (...) tudo pode ser esperado. Não há nenhum motivo para que não possa ir até ao fim do mandato».

«Acho que tem condições para continuar o mandato, mas que os efeitos para o país são «maléficos. Os efeitos maléficos são muito mais decorrentes da política que tem sido seguida, do que dos casos. Provavelmente, o primeiro-ministro perde a força, mas o fundamental, o grande problema do país é as políticas erradíssimas que têm sido seguidas».
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