Nenhum Governo pode «apagar os valores de Abril» - TVI

Nenhum Governo pode «apagar os valores de Abril»

Jerónimo de Sousa

Reação do PCP à decisão dos capitães de Abril

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O PCP defendeu hoje que nenhuma atuação governamental pode apagar os «valores de Abril» e que as comemorações oficiais do 25 de Abril, em particular a sessão realizada na Assembleia da República, devem ser valorizadas.

Esta posição foi assumida pelo PCP, através de uma nota enviada à agência Lusa, em reação à decisão da Associação 25 de Abril de, pela primeira vez, não participar nas comemorações oficiais da «Revolução dos Cravos», que foi seguida pelo antigo Presidente da República Mário Soares e pelo ex-candidato presidencial Manuel Alegre.

A Associação 25 de Abril, que tem como membros alguns dos militares que participaram no golpe de Estado de 1974, anunciou hoje de manhã que não iria participar nos «atos oficiais nacionais evocativos» desta data histórica por considerar que «o poder político que atualmente governa Portugal configura um outro ciclo político que está contra o 25 de Abril, os seus ideais e os seus valores».

Questionados pela agência Lusa, os comunistas manifestaram um entendimento diferente: «O PCP pronuncia-se pela valorização das comemorações oficiais do 25 de Abril, das quais emerge com particular significado a sessão que se realiza na Assembleia da República e cuja eliminação - que a direita pretende e já várias vezes tentou - contribuiria, de facto, para a sua menorização».

No entender do PCP, «nenhuma atuação de qualquer governo», presente ou passado, «por mais violadora dos valores de Abril que o seja - como há sucessivos anos o é - pode apagar ou justificar que se elimine» a «valorização e significado» do 25 de Abril.

Por sua vez, contactado pela agência Lusa, o Bloco de Esquerda não fez nenhuma apreciação sobre o fundamento invocado pela Associação 25 de Abril para faltar às comemorações oficiais do «Dia da Liberdade», nem sobre as ausências de Soares e Alegre, declarando apenas: «São decisões que respeitamos».

O socialista Manuel Alegre afirmou hoje à agência Lusa que, em solidariedade com a decisão da Associação 25 de Abril, também estará ausente da sessão solene comemorativa desta data histórica na Assembleia da República, na quarta-feira.

«Não vou. A celebração sem aqueles que fizeram o 25 de Abril, para mim, não tem o mesmo significado. Quando se fez o 25 de Abril em 1974, eu estava no exílio. Se hoje se vive em liberdade em Portugal, a eles [militares de Abril] o devemos», justificou o ex-candidato presidencial e antigo vice-presidente da Assembleia da República.

Segundo a edição online do jornal Público, Mário Soares também decidiu não estar presente nas cerimónias comemorativas do 25 de Abril de 1974.

«O antigo Presidente da República e fundador do PS decidiu não ir à sessão oficial da Assembleia da República que comemora a revolução mal soube do anúncio da Associação 25 de Abril de que não participará na cerimónia», refere o Público.
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