PCP rejeita votos pelos 20 anos da queda do Muro de Berlim - TVI

PCP rejeita votos pelos 20 anos da queda do Muro de Berlim

Muro de Berlim caiu há 20 anos (Lux)

Mas o Parlamento aprovou os votos de congratulação pelos 20 anos da queda da linga divisória

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O PCP rejeitou, esta quarta-feira, os votos de congratulação e saudação pelos 20 anos da queda do Muro de Berlim apresentados na Assembleia da República. Os comunistas consideram que existe da parte de alguns partidos uma «gigantesca tentativa» e «rescrição da História», noticia a Lusa.

Vários partidos apresentaram iniciativas a propósito do vigésimo aniversário da queda do Muro de Berlim. Os votos de congratulação do CDS-PP e do PSD foram aprovados, apesar de terem tido votações contra do BE, PCP e PEV.

Já o voto de saudação dos bloquistas foi rejeitado e o do PS aprovado, com os votos contra de PCP e PEV e a abstenção do BE.

O tema provocou mesmo uma troca de argumentos entre o líder parlamentar comunista, Bernardino Soares, e o deputado do CDS Ribeiro e Castro. Tudo aconteceu depois de o centrista ter manifestado a intenção de oferecer à nova deputada do PCP Rita Rato o livro «O Arquipélago do Gulag», de Alexander Soljenitsin, que esta afirmou não ter lido, numa entrevista.

Bernardino Soares respondeu dizendo a Ribeiro e Castro para guardar o livro «para a sua bancada» porque «já sabemos que o Soljenitsin é muito popular na bancada do CDS, mesmo sendo ele o homem que defendeu a invasão de Portugal por potências estrangeiras».

PCP rejeitou os votos de congratulação e saudação da queda do Muro de Belim alegando que «o triunfalismo comemorativo dos últimos dias, mais do que o facto histórico que se verificou há 20 anos, visa reescrever a História e tentar decretar para o presente e para o futuro a vitória definitiva do sistema capitalista como se do fim da História se tratasse».

«O que foi derrotado não foram os ideais e o projecto comunistas, mas o modelo historicamente configurado, que se afastou e entrou mesmo em contradição com características fundamentais de uma sociedade socialista, sempre proclamadas pelos comunistas, onde são indispensáveis a democracia política e a liberdade», sustentou. «O PCP rejeita por isso o teor dos votos em análise, registando diferenças substanciais entre eles, em especial os que fingem ignorar os muros reais que hoje existem contra a liberdade e a dignidade», continuou.

«Muitos novos muros se ergueram desde então»

José Luís Arnaut Arnaut, do PSD, classificou a queda do Muro como «um dos momentos mais marcantes de toda a luta contra o totalitarismo» e o fim de um «regime político que falhou em toda a linha».

Do lado do PS, Vera Jardim registou o que considerou ter sido a «vitória do povo alemão» e a derrota de um «regime criado numa ordem autocrática, incapaz de se reformar e perceber os anseios do povo».

Catarina Martins do BE manifestou a «alegria e esperança pela queda do Muro de Berlim». No entanto, Catarina Martins sublinhou que «muitos novos muros se ergueram desde então».

Já o PEV criticou o PSD e o CDS, considerando «aflitivo a forma como ignoram outros muros», outros muros que limitam liberdades, violam direitos humanos».
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