Sócrates em entrevista: «Não receio a publicação de nenhuma escuta» - TVI

Sócrates em entrevista: «Não receio a publicação de nenhuma escuta»

PM fala sobre o negócio PT/TVI, mas não esclarece como vai responder à comissão de inquérito

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José Sócrates deu a primeira entrevista a um jornal de papel desde que foi eleito para um segundo mandato como primeiro-ministro de Portugal. A publicação escolhida foi o Jornal de Notícias e este sábado foi publicada apenas a primeira parte que surge em três páginas. Amanhã, domingo, o jornal promete publicar a segunda parte das palavras de Sócrates sobre a actual situação do país.

Na entrevista deste sábado, o primeiro-ministro começa por se defender dos «ataques» de que diz ser vítima. José Sócrates fala, mais uma vez, sobre o negócio PT/TVI, reafirma que nada sabia e diz nada temer: «Não receio a publicação de nenhuma escuta».

Questionado sobre se a sua imagem não sai afectada com a polémica que o envolve, o primeiro-ministro responde: «Não encontro outra forma de reagirmos à calúnia, ao insulto e à maledicência que não seja a superioridade e até a indiferença por quem actua dessa forma. Uso a minha inteligência emocional para ignorar tanta coisa que se escreve e se diz. Lamento que alguns façam da nossa vida pública um exercício baseado na mesquinhez do ataque pessoal e que políticos e partidos pareçam ter desistido do país para se entregarem ao golpe baixo e à calúnia (...) Alguns políticos passaram o limite da consideração e respeito que em democracia é devido aos adversários.

Sócrates especifica que se refere ao PSD e às acusações de que mentiu no Parlamento, no entanto, afirma: «Não me estou a queixar, estou a afirmar. Muitos dos outros partidos calam-se perante isto». Ainda sobre o negócio PT/TVI e a alegada mentira no Parlamento, Sócrates declara: «Mantenho o que disse. E todos os testemunhos conhecidos confirmam o que afirmei e desmentem em absoluto a intervenção do Governo. Todos. Mesmo assim, os partidos da Oposição insistem na tese de que não estão esclarecidos e na dúvida sobre se terei dito a verdade. É apenas uma ofensa gratuita».

Sobre a comissão de inquérito, o primeiro-ministro não esclarece como vai responder diz apenas: «Eu respondo perante a grande comissão, que é o Parlamento na sua plenitude». Para o PM, o avanço do escrutínio dos deputados «é um acto de profunda hipocrisia política. Não pretendem apurar nada, mas manter uma suspeição e instrumentalizar a AR no ataque pessoal e político contra mim. Através da comissão de inquérito, não querem descobrir nada, porque já têm as respostas. Não andam à procura de esclarecimentos, o que querem é um palco para me atacarem».

Sócrates vai mais longe e sobre o processo Face Oculta e as escutas divulgadas diz: «A verdade é esta. Não receio nada. Não receio a publicação de nenhuma escuta. Reafirmo o que disse: o Governo nunca foi informado e nunca deu orientações a ninguém para uma acção empresarial no domínio da comunicação social».

Além disso, acrescenta, o presidente da PT, Henrique Granadeiro, o presidente da comissão executiva da PT, Zeinal Bava, e o ex-administrador da PT Rui Pedro Soares esclareceram o que havia a esclarecer na comissão de ética: que «nunca» informaram o Governo sobre a intenção de comprar a Media Capital.

«Ninguém melhor do que os próprios administradores sabe como as coisas se passaram. Não percebo a quem os deputados querem fazer mais perguntas», vinca, reafirmando que «o Governo nunca foi informado e nunca deu orientações a ninguém para uma acção empresarial no domínio da comunicação social».

«A tese delirante do controlo da comunicação social pressupõe que o Governo deu orientações a alguém para agir de determinada forma. Ora isso não é verdade», garante.
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