UE propõe-se como «catalizador» do Magrebe - TVI

UE propõe-se como «catalizador» do Magrebe

Lisboa: encontro entre os dois blocos não acontecia desde 1991

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Desde 1991 que a União Europeia (UE) e a União do Magrebe Árabe (UMA) não realizavam um encontro ao nível do que aconteceu esta segunda-feira em Lisboa. Os cinco países da margem sul do Mediterrâneo que formam a UMA (Argélia, Tunísia, Líbia, Marrocos e Mauritânia) assumiram na capital portuguesa a fragilidade da saúde do bloco e apresentaram a UE como «catalizador» da revitalização da sua integração económica. A União aceitou o repto e prometeu intensificar a cooperação bilateral.

«O processo de integração do Magrebe Árabe não tem acompanhado a expectativas com que foi criado. Tem sido muito insuficiente. O que faz hoje com que apenas três por cento das trocas comerciais que se verificam por parte dos países do Magrebe sejam entre si, o que dá conta da fragilidade do processo económico nesta região», afirmou o ministro português dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, na conferência de imprensa que se realizou no Pavilhão Atlântico.

O facto de uma reunião deste tipo entre os dois blocos de países não se realizar há 16 anos também foi realçado pelo governante português. «Este encontro não se realizava com este formato desde 1991, o que significa também as dificuldades que têm marcado toda a vida desta região», disse Amado, realçando, frisando, porém, a «vontade política expressa por todas as partes de retomar o processo de diálogo directo entre a UE e a União do Magrebe Árabe».

«Desafios comuns»

A comissária responsável pelas Relações Externas e Política de Vizinhança, Benita Ferrero-Waldner, saudou por sua vez a «excelente iniciativa» da presidência portuguesa, garantindo que a UE pode «acrescentar valor a esta parceria regional de integração [UMA]», apresentado o exemplo da integração europeia como um «modelo» do qual podem ser retiradas lições.

«Estamos prontos para a ajudar o Magrebe», sublinhou Ferrero-Waldner apontando a promoção do «diálogo e cooperação» como o caminho para lidar com «desafios comuns». E foram apontadas alguns: «Mudanças climáticas, questões de energéticas, segurança energética, imigração ilegal, competição industrial de outras regiões e desenvolvimento de energias renováveis». Para a comissária, estes «exigem a partilha de pontos de vista e também o desenvolvimento de soluções comuns».

«Prosperidade, estabilidade e segurança»

De forma mais concreta, identificou três linhas que considerou «importantes» para criar no Magrebe uma «região que tenha prosperidade, estabilidade e segurança». «Onde estão os maiores desafios? Criar mais empregos, desenvolver o investimento em infra-estruturas e melhorar as condições macroeconómicas».

O diagnóstico negro do bloco magrebino traçado por Luís Amado foi corroborado pelo seu secretário-geral, Habib Ben Yahia, e por Abdul Rahman Mohamed Shalgam, ministro dos Negócios Estrangeiros da Líbia, país que assume a presidente a UMA.



«É verdade que a UMA não está bem de saúde», assumiu Ben Yahia, realçando, contudo, que o encontro de Lisboa «tem valor acrescentado e vai estimular a dinâmica do Magrebe Árabe».

Por sua vez, Abdul Shalgam também sublinhou o tempo que mediou o encontro de Bruxelas, em 1991, e o de Lisboa, reconhecendo que este pode ter uma importância significativa para a integração económica do bloco mediterrânico. «Com este apoio a UE pode ser catalizador como um catalizador deste processo».



Luís Amado recuperou a declaração de Shalgam, posteriormente, para assumir esse compromisso da UE relativamente à UMA, sublinando a existência de «novas condições de aproximação» entre os dois blocos.
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