"Não sabemos se o PS tem a opinião que tinha quando apresentou a Bruxelas e em termos públicos a privatização da CP Carga e da EMEF - Empresa de Manutenção de Equipamento Ferroviário", declarou o deputado do PCP Bruno Dias à agência Lusa.
Questionado se o PCP concorda que o Governo deixou de ter legitimidade política para fazer privatizações a partir do momento em que foram convocadas eleições legislativas para 04 de outubro, como defendeu o PS, Bruno Dias respondeu: "Esta é uma questão de substância. Não era aceitável agora, como não era antes".
"Com a mesma determinação que lutamos contra a privatização da CP Carga agora, também lutámos quando foi apontada pelos governos PS nos PEC (Programas de Estabilidade e Crescimento)", acrescentou o deputado do PCP.
Numa reação à decisão hoje anunciada em Conselho de Ministros de vender 100% da CP Carga à MSC - Operadores Ferroviárias, Bruno Dias declarou: "Nós consideramos ser uma opção criminosa do ponto de vista do interesse público e do interesse nacional, tendo em conta o caráter estratégico da empresa enquanto operador público de transporte ferroviário de mercadorias".
Quanto ao cancelamento da privatização da EMEF, o deputado do PCP salientou a importância da "luta dos trabalhadores" contra esse processo. Depois, contestou "qualquer opção de suposta reestruturação da empresa no sentido da sua degradação ou da ameaça ao seu futuro e do seu papel para a própria segurança do transporte ferroviário".
O PCP apresenta "uma opção estratégica de rutura com estas políticas, que passe pela defesa do desenvolvimento do setor ferroviário e da sua gestão pública de forma integrada", afirmou.
Em vez de "vender à peça" as empresas do setor ferroviário, é preciso "reintegrar e reunificar essas várias empresas", defendeu.
A este propósito, Bruno Dias assinalou que "vários países da Europa nunca deixaram de ter essa gestão integrada", como a França e a Alemanha, e referiu que "a CP Carga foi retirada da CP por um decreto-lei do PS, com a oposição do PCP".