BE admite recorrer ao TC e apoiar moção de censura - TVI

BE admite recorrer ao TC e apoiar moção de censura

Francisco Louçã acusa Passos Coelho de «golpe de estado económico»

Relacionados
O Bloco de Esquerda (BE) admitiu, este sábado, apoiar uma moção de censura ao Governo, recorrer ao Tribunal Constitucional contra as novas medidas de austeridade e apoiar greves gerais contra o «golpe de Estado económico» anunciado pelo primeiro-ministro.

Estas posições foram transmitidas pelo coordenador da Comissão Política do Bloco de Esquerda, Francisco Louçã, em conferência de imprensa, em reação às medidas de austeridade comunicadas ao país por Pedro Passos Coelho na sexta-feira à noite.

«Eu acuso o primeiro-ministro, não só de insensibilidade e insensatez, mas de crueldade na destruição da economia, na destruição de empresas, de emprego e das reformas. Com estas medidas, em 2013, Portugal será um país muito mais pequeno, mais destroçado, com muito menos alternativas e com muito menor capacidade de escolher perante a imposição selvagem do memorando da troika», declarou o dirigente do Bloco de Esquerda, citado pela Lusa.

Neste contexto, no atual quadro político, Francisco Louçã disse que o Bloco de Esquerda estará «disponível para todo o combate, para toda a unidade e convergência em relação a todas as medidas que a democracia possa opor a esta selvajaria do golpe de Estado económico».

«Se os sindicatos avançarem para lutas gerais, terão o nosso apoio; se os jovens se manifestarem nas ruas em nome da democracia, terão o nosso apoio; nas interpelações ao Governo, nos debates com o primeiro-ministro, na censura à sua política, na rejeição do Orçamento, de todas as formas necessárias contra este abuso inconstitucional, o Bloco de Esquerda estará sempre do lado da resposta e da solução», disse Francisco Louçã.

Francisco Louçã considerou mesmo que o atual Governo se transformou «numa embaixada dos interesses financeiros, numa embaixada da especulação, da pouca-vergonha, da mentira e do ataque à economia».

«Este é um dos momentos em que Portugal tem de voltar a pôr-se de pé e em que é preciso que o trabalho saiba defender-se e a democracia saiba incluir todos. Essa é a luta que avançará para um Governo de esquerda, para a rutura com o memorando da troika, para a reestruturação da dívida, para a defesa da economia e para a defesa da Europa contra os talibãs da política da especulação financeira», declarou.

Interrogado se os deputados do Bloco de Esquerda admitem subscrever uma vez mais um pedido de fiscalização sucessiva do Orçamento do Estado para 2013, caso as medidas anunciadas por Pedro Passos Coelho integrem a proposta do Governo, Francisco Louçã respondeu de forma afirmativa.

«O primeiro-ministro mentiu com o embuste de dizer tomava aquelas medidas para responder ao Tribunal Constitucional, porque o Tribunal Constitucional decidiu exatamente ao contrário, querendo igualdade para o trabalho e o fim da proteção do capital e da especulação. O Governo ao tornar medidas provisórias em medidas perpétuas, ao estender ainda mais o assalto ao salário e às reformas, está a violar grotescamente os princípios do acórdão do Tribunal Constitucional», sustentou o coordenador da Comissão Política do Bloco de Esquerda.

O coordenador do BE dirigiu-se também ao PS. Além do chumbo no Orçamento do Estado, Francisco Louçã desafiou os socialistas a romper com o memorando da troika.

Interrogado sobre que papel espera do Presidente da República face ao próximo Orçamento, Francisco Louçã disse que Cavaco Silva «deveria ser coerente com as suas palavras, mas até agora não o foi, já que promulgou todas as medidas que conduziram o país ao maior aumento da dívida e do desemprego».

«Porém, nestes casos não se pode continuar em silêncio, não se pode ficar à espera que aconteça alguma coisa e, por isso, aconselho os portugueses a fazerem aquilo que sempre faríamos em defesa da nossa família perante uma dificuldade grande. Temos de dizer o que queremos e não ficarmos à espera que alguém venha por nós», sustentou.
Continue a ler esta notícia

Relacionados