BE anuncia que vai apresentar uma moção de censura - TVI

BE anuncia que vai apresentar uma moção de censura

Sócrates diz que se trata de uma «colossal irresponsabilidade». Restante oposição reage com cautela. PS desafia todos os partidos a revelarem que posição irão tomar dentro de um mês. Também o PCP admite apresentar uma moção ao Governo de Sócrates

Relacionados
Última actualização às 20h43

O BE anunciou que vai apresentar uma moção de censura dentro de um mês. O anúncio foi feito pelo líder bloquista, Francisco Louçã, depois de José Sócrates lhe ter dado uma resposta ao desafio de apresentar uma moção de confiança. O primeiro-ministro considerou esta uma decisão de «colossal irresponsabilidade».

Entretanto, ao final da noite, outra moção de censura começou a desenhar-se no horizonte político. O PCP admite vir a apresentar uma moção em nome próprio.

O anúncio da proposta do BE foi feito no debate quinzenal no Parlamento, depois de duras críticas por parte de Francisco Louçã aos lucros da banca que ficam fora da tributação fiscal, à redução de salários e à deterioração das condições de vida.

«Não há nada mais grave do que a crise política que estamos a viver», disse Louçã, antes de pedir a apresentação de uma moção de confiança.

José Sócrates respondeu que não estaria disposto a ceder «à demagogia» e a um «convite pérfido». «Não se defende o país criando apenas aquilo que uma situação de instabilidade, falando ou em moções de confiança ou em moções de censura».

«Se o senhor não apresenta uma moção de confiança o BE apresenta uma moção de censura neste Parlamento. E fá-lo-emos exactamente daqui a um mês, no primeiro dia que tem uma utilidade prática», respondeu Louçã, elevando a fasquia do desafio. A utilidade prática de que falou o líder bloquista referia-se ao período posterior à tomada de posse do Presidente da República.

O líder do BE justificou esta decisão com «uma determinação e por três razões». A «determinação», disse Louçã, «porque o contracto social está a ser rasgado». Quanto às razões, o líder bloquista disse que a primeira é a das «gerações sacrificadas». «Aquelas a quem foi retirado o emprego nesta crise, aqueles desempregados de longa duração que já não têm hoje nenhum apoio social, apesar do trabalho de uma vida».

«Uma segunda razão porque há metade dos trabalhadores portugueses que vive de uma forma totalmente precária, em recibos verdes, desempregados, em falsas situações de contrato inexistente, um offshore laboral que este Governo tem promovido», disse.

«Finalmente, porque queremos parar a política deste Governo. O Governo quer despedimento simplex, quer tornar o despedimento mais barato, tem uma obsessão pela facilidade no despedimento, e nos queremos reverter, vencer, impedir, fazer recuar, as medidas que este mês serão apresentadas», concluiu.

José Sócrates respondeu acusando o BE de representar a «pobreza da esquerda radical» e de se querer antecipar ao PCP. «O senhor só pensa em botar abaixo», apontou, numa sequência de críticas a Louçã, que levou a bancada do PS a aplaudir de pé o primeiro-ministro.

No final do debate quinzenal, o primeiro-ministro disse aos jornalistas que o anúncio do BE é de uma «colossal irresponsabilidade» e que não acredita que a moção tenha sucesso.

Os restantes partidos da oposição reagiram com cautela , não dando, para já, a conhecer o farão.

Esta posição motivou o PS a desafiá-los a uma clarificação o mais rápido possível , de forma a evitar um mês de instabilidade política.

José Sócrates já sobreviveu a cinco moções de censura - uma nesta legislatura, a 21 de Maio, apresentada pelo PCP.

Só em 2008 foram três. A primeira no início do ano, assinada pelo BE, por causa da ratificação do Tratado de Lisboa sem referendo. Em Maio, uma do PCP, por causa do Código de Trabalho. Em Julho foi outra CDS.

Um ano depois, os populares voltariam à carga, com mais uma moção, após os maus resultados do PS nas eleições europeias.
Continue a ler esta notícia

Relacionados