Em defesa «do Estado de Direito democrático» - TVI

Em defesa «do Estado de Direito democrático»

Alberto Costa, ex-ministro da Justiça, entregou no Constitucional o requerimento para a fiscalização do OE2012

O ex-ministro socialista Alberto Costa afirmou esta quinta-feira que o grupo de deputados que subscreve o pedido de fiscalização do Orçamento tem como «primeira lealdade» a defesa do Estado de Direito democrático, sendo essa a «regra suprema».

Alberto Costa, ex-ministro da Justiça, falava aos jornalistas após entregar no Tribunal Constitucional o requerimento que pede a fiscalização sucessiva do Orçamento do Estado para 2012 - acto em que esteve acompanhado pelos deputados socialistas Isabel Moreira e Vitalino Canas e pelo dirigente do Bloco de Esquerda Pedro Filipe Soares, escreve a Lusa.

Em declarações aos jornalistas, Alberto Costa disse que era «dever» deste grupo de deputados, enquanto eleitos, «suscitar perante o Tribunal Constitucional a apreciação das normas» que suspendem o pagamento dos subsídios de férias e de Natal aos trabalhadores do sector público e aos reformados.

«Pensámos em todos aqueles que durante este ano vão sofrer uma retirada de um valor compreendido entre um catorze avos e um sétimo do seu montante anual de remuneração ou pensão, em acréscimo aos outros sacrifícios já sofridos. É a convicção de que essas normas são inconstitucionais que nos fez agir - e só essa convicção», justificou o ex-ministro dos governos de António Guterres e de José Sócrates, numa alusão implícita às críticas da direcção do PS em relação a esta iniciativa.

Alberto Costa alegou depois que este grupo «entende que os deputados devem exercer os seus direitos individuais».

«Ficamos agora à espera que o tribunal examine o nosso requerimento com a esperança que os portugueses possam vir a ter uma boa notícia acerca dos cortes que agora estão a sofrer», disse.

Interrogado se a eventual inconstitucionalidade do Orçamento poderá levantar problemas políticos e financeiros internacionais a Portugal, o deputado socialista contrapôs que «Portugal deve observar o princípio do Estado de Direito democrático, que está vertido na Constituição».

«Essa é a regra suprema. Nós, como juristas e como deputados, estamos obrigados a defender o Estado e de Direito. Essa é a nossa primeira lealdade», vincou Alberto Costa.

O requerimento que pede a fiscalização do Orçamento é assinado por 25 deputados, 17 dos quais do PS (Alberto Costa, Vitalino Canas, Isabel Moreira, José Lello, Fernando Serrasqueiro, André Figueiredo, Renato Sampaio, Isabel Santos, Ana Paula Vitorino, Glória Araújo, Idália Serrão, Paulo Campos, Maria Antónia Almeida Santos, Rui Santos, Sérgio Sousa Pinto, Eduardo Cabrita e Pedro Delgado Alves) e oito do Bloco de Esquerda (Francisco Louçã, João Semedo, Pedro Filipe Soares, Cecília Honório, Mariana Aiveca, Luís Fazenda, Catarina Martins e Ana Drago).

BE «não se cala»

O Bloco de Esquerda desvalorizou a ausência de deputados do PCP entre os subscritores do pedido de fiscalização e frisou que a sua força política não fica «calada» perante injustiças.

Confrontado com o facto de os deputados comunistas não terem subscrito o requerimento, o dirigente do Bloco de Esquerda «disse que a questão tem de ser colocada ao próprio PCP, que tomou essa decisão com base na opinião que tem».

«Mas o texto que apresentamos é inatacável do ponto de vista dos direitos constitucionais que defende, porque está a ser violado o pressuposto da Segurança Social dos pensionistas, para além do que está em causa com a suspensão dos pagamentos dos subsídios de férias e de Natal aos trabalhadores da administração pública. Estamos a defender os interesses dos portugueses e a denunciar que há uma injustiça que está a ser cometida injustiça. Os outros terão a sua opinião sobre a matéria, será obviamente a deles», disse.
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