Entrevista de Cavaco: «não dá a cara com a careta» - TVI

Entrevista de Cavaco: «não dá a cara com a careta»

Jerónimo de Sousa diz que «não se pode subscrever o instrumento de agressão e depois vir ter pena dos agredidos»

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O secretário-geral do PCP afirmou, esta quarta-feira, que o Presidente da República «é um pouco como o PS» e «não dá a cara com a careta» porque alerta para os efeitos da austeridade, mas subscreve o programa de ajustamento financeiro.

«O Presidente da República vai fazendo estes apelos, estes avisos, mas depois vai dizendo que está de acordo com as alterações à legislação laboral, que está de acordo com a concretização do programa [de ajustamento financeiro assinado no âmbito da ajuda externa]. É um pouco como o PS, enfim, não dá a cara com a careta. Obviamente não se pode subscrever o instrumento de agressão e depois vir ter pena dos agredidos», afirmou Jerónimo de Sousa.

O líder dos comunistas falava aos jornalistas durante uma visita ao Salão Internacional do Setor Alimentar e Bebidas (SISAB), em Lisboa, e reagia a uma entrevista de Cavaco Silva à rádio TSF.

Nessa entrevista, o Presidente da República alerta que «há um conjunto de pessoas, a que chamamos agora os novos pobres», a quem é «impossível impor mais austeridade», referindo que essas pessoas «são aquelas que são mais atingidas por medidas, não tendo, às vezes, em conta a especificidade de cada grupo».

Jerónimo de Sousa afirmou que este «é uma preocupação» que o PCP acompanha. «O grande problema é que, como é sabido, em relação ao pacto de agressão, a procissão ainda vai no adro, ainda faltam muitas medidas que estão em curso, em vias de ser implementadas, que vão acentuar as injustiças e aumentar a pobreza», acrescentou.

O líder do PCP disse ainda que «fica bem ao Presidente da República fazer esses apelos». «Mas a verdade é que hoje a questão da chamada austeridade, os sacrifícios, a atingir os mesmos do costume, está a levar a que uma massa imensa corra o risco de pauperização, de entrar não só no limiar da pobreza mas mesmo nesses pobres que hoje poderíamos dizer são dois milhões, são dois milhões e quinhentos mil, não sabemos. Mas a prosseguir este caminho de afundamento nacional, inevitavelmente isso poderá acontecer», acrescentou.
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