Europa: «Portugal está paralisado»

O secretário-geral do PS afirmou-se apreensivo com a preparação do próximo Conselho Europeu, considerando que só o eixo franco-alemão tem iniciativa e que as instituições europeias e os restantes Estados-membros estão paralisados, incluindo o Governo português.

António José Seguro falava aos jornalistas no final da reunião da Comissão Política do PS, que acabou por ser apenas dedicada à análise da situação da União Europeia e que teve como convidada a ex-ministra socialista Maria João Rodrigues, especialista em assuntos europeus.

No processo de preparação da próxima cimeira europeia, quinta e sexta-feira em Bruxelas, Seguro é hoje, pelas 16:30 horas, recebido em São Bento pelo primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho.

«Sinceramente, eu não estou a gostar mesmo nada, mas absolutamente nada, do modo como está a decorrer a preparação deste próximo Conselho Europeu. Não vejo iniciativa de instituições europeias e, pelo contrário, vejo dois países [Alemanha e França] uma vez mais a quererem impor uma vontade aos restantes Estados-membros», declarou o líder socialista da União Europeia.

Seguro disse, depois, que tem alertado em diversas intervenções públicas «para que as instituições europeias se movimentem e, sobretudo, que o mesmo façam os restantes primeiros-ministros dos outros países, porque é necessário que estejam em cima da mesa outras visões e outras propostas não apenas do lado do rigor orçamental, que é necessário, mas também do lado do crescimento económico e do emprego».

«Na reunião com o primeiro-ministro, hoje, tenho alguma curiosidade em saber o que está em cima da mesa em termos de propostas concretas, mas, até ao momento, com as informações que são veiculadas pelos jornais, com as declarações do presidente [Nicolas] Sarkozy e da chanceler [Ângela] Merkel, não há boas notícias para a Europa», sustentou.

O secretário-geral do PS demarcou-se em seguida da estratégia seguida pelo Governo português. «Se fosse primeiro-ministro já tinha tido oportunidade de tomar iniciativas, de conversar com os meus congéneres para que os países que têm a mesma visão de uma Europa mais integrada, com um Governo económico e político, terem propostas concretas para este Conselho Europeu. Mas aquilo que se verifica é que só há iniciativa do lado da Alemanha e Franca, enquanto os restantes países estão completamente paralisados. Mesmo o presidente da Comissão Europeia e o presidente do Conselho Europeu parecem completamente paralisados», criticou Seguro.

Interrogado se admite o cenário do desaparecimento do euro, o secretário-geral do PS respondeu que todos os agentes políticos «devem trabalhar para que isso não aconteça e não se ponha mesmo em nenhum plano».

«É necessário que todos os líderes europeus estejam à altura das suas responsabilidades e não faltem a este debate como aparentemente está a acontecer. Considero que a Alemanha e França estão no caminho errado e a prestar uma mau serviço à União Europeia, mas gostaria que o primeiro-ministro de Portugal tivesse iniciativa e se juntasse com outros chefes de Governo no sentido de apresentarem uma proposta comum», acrescentou.