Orçamento do Estado dividiu socialistas - TVI

Orçamento do Estado dividiu socialistas

Maioria decidiu pela abstenção, mas várias figuras do partido que pediam o chumbo. Seguro lamentou que haja «camaradas» seus mais preocupados com o que ele faz ou diz do que em combater o Governo

Relacionados
O secretário-geral do PS lamentou que haja «camaradas» seus mais preocupados com o que ele faz ou diz do que em combater o Governo e disse esperar que os deputados socialistas estejam consigo.

Estes recados internos foram deixados por António José Seguro na sua última intervenção na reunião da Comissão Política do PS, que aprovou a abstenção dos socialistas face à proposta do Governo de Orçamento do Estado para 2012.

«Eu tenho de liderar um combate em nome do PS contra o Governo - e espero que os deputados do PS estejam comigo. Às vezes vejo com preocupação camaradas mais preocupados em ver o que eu faço ou digo do que em combater o Governo», declarou, citado pela mesmo fonte.

Nesta sua intervenção, o secretário-geral do PS referiu que a execução orçamental «é mais de metade da responsabilidade do actual Governo» e que este executivo PSD/CDS também será responsável pela execução do Orçamento em 2012.

«Eu vou estar na primeira fila a responsabilizá-los - e quero ver o meu partido e o meu Grupo Parlamentar atrás de mim», disse.

O presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, e o ex-ministro Pedro Silva Pereira estiveram entre os 22 membros da Comissão Política do PS que votaram contra a proposta de os socialistas se absterem no Orçamento.

Pedro Silva Pereira fez uma intervenção dura contra o teor da proposta do Governo de OE para 2012, colocando mesmo em causa o cenário macroeconómico presente neste documento, e defendeu que os socialistas deveriam rejeitá-lo.

Fontes socialistas adiantaram à agência Lusa que os três membros do grupo de trabalho para a análise do Orçamento, Pedro Nuno Santos, Pedro Marques e João Galamba, defenderam igualmente a rejeição da proposta do Governo.

Pedro Silva Pereira considerou que a abstenção apenas deveria constituir o sentido de voto do PS se o Governo aceitasse alterações substanciais à proposta de Orçamento, sustentando, depois, que eram possíveis medidas de fundo alternativas para Portugal cumprir no final de 2012 o défice de quatro por cento, tal como prevê o acordo celebrado com a troika.

Exemplificando diferenças face ao actual executivo, Pedro Silva Pereira sustentou que, se o PS estivesse no Governo, nunca cortaria os subsídios de férias e de Natal dos trabalhadores do sector público durante o período de vigência do programa de assistência financeira a Portugal.

Pelo voto contra, pronunciaram-se dois dos três elementos do grupo de trabalho do PS designado para analisar a proposta do Governo de Orçamento: Os deputados Pedro Nuno Santos e João Galamba.

Pedro Nuno Santos, vice-presidente da bancada do PS, disse que era favorável ao voto contra «por uma questão de responsabilidade», já que o caminho escolhido pelo Governo «não permite cumprir os objectivos de consolidação orçamental de uma forma sustentada».

No mesmo sentido, João Galamba, coordenador da bancada socialista para as questões orçamentais, considerou que a proposta do Governo abusa da austeridade e contraria os princípios presentes no memorando da troika.

Duarte Cordeiro advertiu a direcção do seu partido sobre a existência de «expectativas por parte de muitos portugueses» em relação à posição que os socialistas vão assumir no Orçamento do próximo ano.

«Muitos portugueses esperavam que o PS equilibrasse o Orçamento, mas isso é difícil que possa acontecer, porque se está a optar por uma abstenção sem condições», disse. «Essas pessoas não vão esquecer que o PS não votou contra este Orçamento», avisou.

Segundo um dirigente socialista ligado a este grupo, «todos os deputados que defenderam o voto contra o Orçamento estão agora disponíveis para cumprir a disciplina de voto, abstendo-se na votação».
Continue a ler esta notícia

Relacionados

EM DESTAQUE