Seguro acusa Costa de ser apoiado por «partido invisível» - TVI

Seguro acusa Costa de ser apoiado por «partido invisível»

No último debate televisivo entre os dois candidatos às primárias do PS, Seguro aponta advogado Nuno Godinho de Matos como rosto da promiscuidade entre política e negócios. Costa rejeita ataques a apoiantes e puxa dos galões do que fez no combate à corrupção

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António José seguro e António costa defrontaram-se, esta terça-feira à noite, pela última vez na televisão. No debate na RTP, Seguro acusou Costa de ser apoiado por pessoas que fazem parte de um partido invisível que mistura negócios e politica. António costa contra-atacou dizendo que se Seguro fosse tão agressivo com o Governo, como tem sido com ele, o Executivo já tinha caído. O debate foi o último dos três frente-a-frente televisivos travados no âmbito das eleições primárias socialistas, marcadas para domingo e que escolherão o candidato socialista a primeiro-ministro nas próximas eleições legislativas.

A questão da mistura entre política e negócios surgiu na parte final do debate entre o secretário-geral do PS e o presidente da Câmara de Lisboa. António José Seguro atacou os apoiantes de António Costa e apontou um dos fundadores do PS, Nuno Godinho de Matos, como um exemplo da promiscuidade entre política e negócios de que tem falado ao longo da campanha para as primárias. António Costa não gostou, acusou oponente de lançar insinuações graves, rejeitou ataques aos apoiantes e puxou dos galões do que fez no combate à corrupção.

O moderador do debate, o jornalista João Adelino Faria, pediu a António José Seguro um exemplo concreto do PS ligado aos interesses e aos negócios.

«Vou dar-lhe um exemplo: Nuno Godinho de Matos, fundador do PS e apoiante de António Costa. Foi até há pouco tempo administrador do BES, apoiou no ano passado o candidato do PSD à Câmara de Oeiras, foi advogado da Ferrostaal no negócio dos submarinos, e no outro dia deu uma entrevista a dizer que estava no BES por razões políticas», afirmou o secretário-geral do PS. E concluiu: «Há um partido invisível na sociedade portuguesa (...). Há uma promiscuidade total entre o sistema financeiro, os negócios, a política e os outros partidos».

António Costa contra-atacou. «Tu tratas como traidores e inimigos os teus camaradas e não foste capaz de fazer frente ao Governo em nada. O que acabas de fazer aqui é uma coisa muito feia: é querer atacar-me a mim em função do que fazem os meus apoiantes, ainda por cima "ad hominem"», reagiu o autarca de Lisboa.

António Costa perguntou depois a António José Seguro o que já tinha feito na vida para combater a corrupção. O autarca lembrou o legado enquanto ministro da Justiça: «Lancei um pacote efetivo de combate à corrupção». António Costa referiu as alterações que fez ao Código Penal, a agilização do sigilo bancário e os meios dados à investigação criminal. «Quem recorre ao insulto e cede ao populismo não tem condições para ser secretário-geral do PS», sustentou o presidente da Câmara de Lisboa.

António José Seguro ripostou, advogando que a proposta para reforçar as incompatibilidades dos titulares de cargos políticos é uma forma de combater a corrupção, introduzindo transparência.

«Eu não te fiz nenhum ataque pessoal. Mas o que fizeste [no domingo, em entrevista ao jornal Correio da Manhã] foi inaceitável quando me tentaste associar a um político de outro partido, que está em investigação, através de uma falsidade», disse, numa alusão ao facto de Costa ter associado consultores políticos de Seguro aos do ex-presidente da Câmara de Gaia, o social-democrata Luís Filipe Menezes.

Seguro dirigiu-se depois a Costa e disse-lhe: «Não recebo nenhuma lição de moral tua, nenhuma». Costa respondeu de imediato: «Mas fazia-te falta». «Nem respondo a esse tipo de argumentação», rematou ainda Seguro mesmo no final do debate.
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