Seguro: «Quem está isolado é o Governo» - TVI

Seguro: «Quem está isolado é o Governo»

Líder do PS considera que «há espaço» para devolver um dos subsídios de 2012 e que a sobretaxa aplicada em 2011 «já não se justifica». E vai reunir-se com a troika para pedir «ajustamentos»

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O secretário-geral do Partido Socialista sublinhou que «há cada vez mais vozes» ao seu lado a apelar ao Governo para que devolva aos funcionários públicos e aos pensionistas um dos subsídios de 2012.

«Eu não estou sozinho. O Presidente da República, altos dirigentes do PSD, a Igreja e até o Conselho Económico e Social dizem o mesmo. Quem está isolado é o Governo. Há cada vez mais vozes que apelam a outra redistribuição de sacrifícios», afirmou, em entrevista à TVI, frisando que não falou com Cavaco Silva sobre o assunto.

António José Seguro está «convencido» de que «há espaço» para a devolução de um subsídio ou pensão e de que vai «conseguir convencer» o Governo disso mesmo, mesmo depois de esta terça-feira o ministro Miguel Relvas ter afirmado que «não há almofadas» para responder a essa proposta.

Nas contas do PS, há «uma folga» de cerca de 900 milhões de euros que o permite. Seguro exemplificou com o que a troika cobra a Portugal pela assistência financeira. «Este ano, cobra comissões de 335 milhões euros, mas no próximo será 211 milhões. Há aqui uma folga de 124 milhões», afirmou, acusando o Governo de «não dar explicações» sobre a sua «precaução excessiva» e considerando que «não é necessário» esse dinheiro estar no Orçamento de Estado para 2012.

«Sobretaxa não será necessária»

O líder do PS apontou também que a diminuição das taxas de juro do empréstimo a Portugal não se encontra na proposta do OE, representando cerca de 200 milhões de euros.

«O Governo está a utilizar um princípio de precaução excessivo. A Sobretaxa sobre o subsídio de Natal de 2011 já não será necessária, devido ao fundo de pensões que está a ser negociado com os bancos. Esta foi aplicada por um princípio de precaução, mas hoje não se justifica», explicou.

Prometendo não voltar atrás na abstenção do PS, Seguro assegurou que o voto está definido, sejam quais forem as alterações ao Orçamento. «Sei que o Governo tem a faca e o queijo na mão, tem maioria, e que aquilo que decidirem será aprovado, mas tenho a convicção que o conseguirei sensibilizar para a restituição de um subsídio ou pensão», prometeu.

E, se fosse primeiro-ministro, admitiu que também teria de aplicar medidas de austeridade. «Mas escolheria outro caminho».

Seguro vai reunir-se com a troika

O secretário-geral socialista adiantou que vai reunir-se com a troika, sem data ainda definida, para pedir «ajustamentos» ao programa de assistência financeira. Os contactos partiram da missão internacional e foram feitos «via Governo».

«O PS está disponível para trabalhar no sentido de introduzir alterações ao memorando, dando as nossas perspectivas», disse.

Para António José Seguro, os prazos do empréstimo poderão ser, «eventualmente», alargados até 2015.

«Sócrates foi secretário-geral, agora sou eu»

Questionado sobre a oposição interna à sua posição em relação ao Orçamento para 2012, Seguro desvalorizou-a.

«É a democracia a funcionar no interior do partido. José Sócrates foi secretário-geral do PS, agora sou eu. Honro-me de todo o património do PS. A comissão política é um órgão fechado e é perfeitamente normal que eu próprio possa dizer o que penso», respondeu.

O «erro colossal» de Passos

Segundo o líder do PS, Passos Coelho cometeu um «erro colossal» ao diminuir o número de ministros.

«Como é possível o ministro da Economia tomar conta de tantas áreas? O Orçamento é de um pendor demasiado do ministro das Finanças e há uma ausência de apoio às nossas empresas», criticou.
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