Advogados dos arguidos da Casa Pia admitem que julgamento possa ser público - TVI

Advogados dos arguidos da Casa Pia admitem que julgamento possa ser público

Carlos Cruz solto

Os advogados dos sete arguidos do processo de pedofilia da Casa Pia admitem que as sessões do julgamento a decorrer no Tribunal de Monsanto, Lisboa, possam ser públicas, embora alguns tenham colocado restrições.

Frontalmente contra a publicidade do julgamento manifestou-se o advogado da Casa Pia de Lisboa, António Pinto Pereira, alegando a gravidade dos factos em julgamento, a pouca idade das vítimas e a sua especial vulnerabilidade, que "têm a todo o momento de exigir um ambiente de ponderação e maturação".

O delegado do Ministério Público, João Aibéo, afirmou que não se opõe a que durante os interrogatórios os órgãos de Comunicação Social possam assistir, mas já não o público em geral.

Ressalvou, contudo, que se algum dos arguidos se opuser a que isso aconteça quando estiver a prestar declarações esse desejo deve ser respeitado.

Adelino Granja, advogado de uma das vítimas, que quarta-feira requerera a publicidade da audiência, precisou hoje em tribunal que não se opõe, como sempre afirmou, que sejam públicas as declarações a prestar pelo principal arguido, Carlos Silvino ("Bibi"), mas também de todos os arguidos que o aceitem.

O advogado de Carlos Silvino, José Maria Martins, frisou que o seu cliente, "ainda que não seja doutor, tem o direito que o povo saiba o que ele disse".

Precisou que isso deve suceder "através dos profissionais da Comunicação Social que nos primeiros meses de prisão preventiva o trataram como se fosse lixo, fazendo dele o bombo da festa", afirmou, acrescentando que o seu cliente "não tem dinheiro para publicar um livro que forneça a sua versão dos factos", numa referência à obra publicada por outro dos arguidos, o apresentador de televisão Carlos Cruz.

Por seu lado, o defensor do ex-provedor adjunto da Casa Pia Manuel Abrantes começou por salientar que o princípio da publicidade dos julgamentos está consagrado na Constituição da República, interrogando se os julgamentos de Nuremberga decorreram sem publicidade e se acaso os crimes (dos nazis sentados no banco dos réus daquele processo) foram menos graves.

Paulo Cunha e Sá alertou também que não pode esquecer-se que na fase do inquérito e da instrução, "ante a absoluta falência do regime de segredo de justiça, a dignidade, o bom nome e a honorabilidade dos arguidos foi quotidianamente posta em causa sem que estes pouco ou nada pudessem fazer".
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